
(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Depois de apoiar o golpe de 2016, a Folha descobre que Jair
Bolsonaro é o nome da crise. "Está em curso, isso sim, a completa e
justificada desmoralização do governo nacional, a cada dia nublado pela
mesquinharia e pela estupidez de Jair Bolsonaro", diz o jornal
15 de maio de
2020
O jornal Folha
de S. Paulo publicou um editorial no início da noite com fortes críticas a Jair
Bolsonaro por conta da demissão de Nelson Teich do Ministério da Saúde nesta
sexta-feira, 15.
No texto, a
Folha diz que a nova mudança no comando da Saúde em plena pandemia de
coronavírus torna clara a derrocada de Bolsonaro. "Está em curso, isso
sim, a completa e justificada desmoralização do governo nacional, a cada dia
nublado pela mesquinharia e pela estupidez de Jair Bolsonaro", diz o
jornal no editoriasl extemporâneo.
"Com
meros 500 dias de mandato, Bolsonaro subtrai opções. Não bastassem as
calamidades sanitária e econômica, ele próprio converteu-se em crise a ser
enfrentada",acrescenta o editorial.
Leia o editorial na ínetgra:
A queda
O pedido de
demissão de mais um ministro da Saúde —em menos de um mês e durante a mais
grave emergência sanitária da história contemporânea— escancara a derrocada de
um presidente da República que já nem mesmo finge governar o país.
Importa menos,
até, a perda de um quadro como Nelson Teich, de permanência no posto
insuficiente para tomar conhecimento dos meandros da máquina administrativa.
Tampouco seria insuperável a saída do antecessor, Luiz Henrique Mandetta, que
cultivara boa imagem em entrevistas acerca do combate ao coronavírus.
Está em curso,
isso sim, a completa e justificada desmoralização do governo nacional, a cada
dia nublado pela mesquinharia e pela estupidez de Jair Bolsonaro.
Torna-se
inimaginável, na Saúde, que algum profissional sério e sensato vá conformar-se
a um chefete obcecado com quiméricas cloroquinas e, pior, empenhado numa
cruzada macabra contra as imprescindíveis políticas de distanciamento social a
custo tocadas por governadores e prefeitos.
Obstáculos
similares se apresentam às demais áreas da gestão que ainda gozam de alguma
credibilidade. Todas, cedo ou tarde, tendem a estar subordinadas à única
prioridade real do presidente —agarrar-se a um cargo para o qual reúne parcas
condições intelectuais, morais, programáticas e políticas.
Sua
intervenção cretina na gestão da saúde pouco difere da ingerência na Polícia
Federal que pode custar-lhe o mandato. Num e noutro caso, trata-se de colocar a
própria sobrevivência acima das políticas de Estado e do interesse nacional.
Ao investir
contra quarentenas, Bolsonaro pretende se eximir de responsabilidade pela
recessão inevitável. Na acintosa afronta à autonomia da PF, ambiciona
desvencilhar-se de investigações que o envolvem e a seus filhos. O próximo
passo, tudo indica, será o loteamento do Executivo em favor de forças
partidárias fisiológicas.
“Vou
interferir. Ponto final”, vociferou o presidente na reunião ministerial de 22
de abril, cujo conteúdo gravado em vídeo é peça-chave no inquérito que apura um
possível —e crescentemente plausível— crime de responsabilidade.
Sua defesa se
apega à ausência de menção explícita à instituição policial no trecho, o que
soa como filigrana diante do conjunto da obra. Na saída de Sergio Moro da
Justiça, como nas de Teich e Mandetta, sobram as evidências da recusa
presidencial à impessoalidade da administração, que as trocas na PF apenas
expõem formalmente.
Com meros 500
dias de mandato, Bolsonaro subtrai opções. Não bastassem as calamidades
sanitária e econômica, ele próprio converteu-se em crise a ser enfrentada.
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