
POR FERNANDO
BRITO · 23/05/2020
Embora
passível de enquadramento jurídico como crime de improbidade administrativa
(art. 9, inciso 7, da Lei 1.950: “proceder de modo incompatível com a
dignidade, a honra e o decoro do cargo”), o desempenho imundo de Jair Bolsonaro
revelado na reunião ministerial exposta ontem ao país, não deflagrará, de
imediato, uma ação necessária para o impedimento presidencial.
Até em razão
de buscar-se uma chance de ainda deter, nas trincheiras finais, o avanço
descontrolado da onda de mortes e ruína da epidemia do novo coronavírus, é
desesperador que tenhamos instituições fracas para reagir à situação de
podridão que assola o governo e muito mais ainda que haja uma camada nas Forças
Armadas que sustente em nome de sua fome de cargos e poder.
Não, não é o
dito “centrão” que poderá sustentar a continuidade de Jair Bolsonaro após a
exposição pública de sua imundície.
A partir de
agora – sobretudo depois da coice e provocativo do General Augusto Heleno –
certamente com a anuência dos demais generais palacianos – dizendo que Jair
Bolsonaro está acima das leis e das ordens judiciais, os autoproclamados
representantes do Exército são os responsáveis pela continuidade deste insólito
desgoverno que se instalou aqui.
E que fez do
Palácio do Planalto uma fossa insalubre, onde só sobrevivem bactérias
anaeróbicas, que sobrevivem apenas na falta do oxigênio democrático que nos
falta com a pandemia a impedir manifestações de repúdio à fermentação fascista
que acontece por lá.
Sim, não
esquecemos que Sergio Moro é a mãe do processo de degradação da vida política
brasileira, mas o essencial, agora, é que Jair Bolsonaro é o fruto matricida da
histeria e do ódio que brotaram em Curitiba.
Aliás, sob
este aspecto, a “prova” de Moro é pífia, mas revelou, por vias transversas, que
se formou um esquema miliciano no comando do país, ao qual o Exército
brasileiro está, com consequências graves, se subordinando.
Há chance zero
de recuperarmos a normalidade e a sanidade institucional em nosso país –
inclusive para as Forças Armadas – e certeza asboluta que, quem permanecer na
fossa passará a ser igual ao que nela se contém.
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