
POR FERNANDO
BRITO · 11/05/2020
Ressalve-se os
que estão arriscando, nos hospitais e unidades de saúde, os que estão
arriscando – e muito mais do que deveriam estar – arriscando suas vidas na
batalha desigual contra o vírus.
Feito isso,
diga-se que não há uma guerra à pandemia no Brasil, há o massacre de um
população tornada indefesa por seus líderes, porque guerra pressupõe que haja
luta.
E o que há é
uma cínica rendição.
É impossível
calcular quantas dezenas de milhares morrerão – já se foram os primeiros 10 mil
– mas é obrigatório dizer que serão muitos, demais, imensamente mais do que
precisariam ser, se os governantes tivessem cumprindo seu dever.
A pressão de
Jair Bolsonaro e de vagabundos insensíveis que formam parte do grande
empresariado nacional impede, por toda a parte, que se tomem as medidas duras,
mas inevitáveis, de quarentena que ainda nos dariam alguma chance de deter o
avanço da doença sem que nossas defesas médicas entrem, como estão entrando, em
colapso total.
O fechamento
total das áreas avassaladas pelo contágio, medida que é praticamente a
recomendação unânime dos epidemiologista é evitado com medidas cínicas: faz-se
um rodízio de veículos -os que têm carro de placa par contaminam-se em dias pares,
os de ímpares, no dias ímpares – fecham-se os centros e deixam as periferias –
onde os contágios sobem mais rápido – entregues à própria sorte e permitem-se
atividades “essenciais” como os páreos de corridas de cavalos que serão
disputados hoje à tarde no Jockey Club da Gávea.
Acima de
todos, o grande Satã presidencial comanda uma legião de monstros que, fingindo
preocupação com a carne que queima por dinheiro, prestam-se à hipócrita
cantilena de dizer que “a economia é tão importante quanto a saúde”, quando
todos permanecem isolados, dando ordens pelo computador e com seus médicos e
hospitais ao alcance de um telefonema e um deslocamento de carro com motorista.
Os militares
brasileiros -contra a vontade de muitos dos seus oficiais da ativa – viraram
cúmplices destes colaboracionistas da morte. Como em 1964, fazem do poder uma
ferramenta para que os homens do dinheiro engordem em meio a um povo que morre.
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