
POR FERNANDO
BRITO · 08/06/2020
Jair
Bolsonaro, até os cegos e os ingleses podem ver, é um perigo real para a
democracia brasileira, tanto que o “mercadistas” do Financial Times reconhecem,
em editorial, que há preocupação “com o fato de Bolsonaro estar tentando
provocar uma crise entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário para
justificar a intervenção militar”.
Mas também é
evidente que seu poder para fazer isso está minguando e se reduzindo ao grupo
de generais que, sabujamente, acham que ele pode ser o “cavalo de Tróia” para
uma tomada de poder, à qual falta projeto, viabilidade política e aceitação
internacional.
Os atos de
hoje mostram que o poder de mobilização de uma classe média histérica por parte
de Bolsonaro minguou até níveis próximos de zero, quando ficou inviável a ação
coordenada de sua rede de fake news.
Afora
incidentes típicos de provocadores ao final de manifestações, os atos
democráticos de hoje mostraram uma situação que tem tudo para se expandir e
alastrar-se fortemente, apesar da interdição da rua durante a pandemia.
E que o
bolsonarismo se encolhe a uma dúzia de fanáticos selvagens e não tem força para
dar apoio político a um golpe bem-sucedido e passa a depender, exclusivamente,
de um “pronunciamento” militar sem causas que se possam alegar serem feitas
contra a insurreição popular.
Os militares
que não estão agarrados ao projeto bolsonarista estão vendo a instituição a ser
transformada em mero coadjuvante do desejo de poder do presidente.
E o preço
desta adesão é mais que a inação diante do cenário de morte e de dor do país,
mas a sua criminosa negação.
Tomara que a
hesitação causada pela possibilidade concreta de tornar-se cúmplice de um
genocídio epidêmico faça refluir os militares de uma cumplicidade também no
assassinato da democracia.
Estamos às
portas de um desastre humanitário, que não poupará quem negá-lo, como fez com o
bolsonarista que estava na iminência de assumir um alto posto no Ministério da
Saúde para negar as mortes evidentes.
Por mais
desqualificada que seja a camada militar que aderiu a Bolsonaro, a situação das
Forças Armadas não permite, a esta altura, para assegurar-se que elas vão
mergulhar numa aventura irresponsável.
Sem elas,
Bolsonaro entra num restado de deterioriação que não tem saída.
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