
(Foto: ABr | Reprodução)
Quatro anos depois de defender a deposição sem crime de
responsabilidade da ex-presidente Dilma Rousseff, a Folha de S. Paulo lança uma
campanha que, entre outras coisas, defenderá o uso da cor amarela, que foi
apropriada pela extrema-direita bolsonarista
25 de junho de
2020
Em 2016, o
jornal Folha de S. Paulo, da família Frias, defendeu a deposição da
ex-presidente Dilma Rousseff por "pedaladas fiscais" num impeachment
sem crime de responsabilidade, ou seja, um golpe de estado, que abriu espaço
para a retomada do poder pela direita no Brasil – primeiramente com Michel
Temer e, na sequência, com Jair Bolsonaro, eleito porque o ex-presidente Lula
foi impedido de concorrer.
Quatro anos
depois, com um Brasil pós-reforma trabalhista e pós-reforma previdenciária, que
eram pontos centrais da chamada "ponte para o futuro", a Folha
decidiu lançar uma campanha "em defesa da democracia", uma vez que
Bolsonaro, embora execute a à risca a agenda liberal, provoca certo desconforto
nas elites por sua falta de civilidade.
Em razão
disso, a Folha decidiu lançar sua campanha no próximo fim de semana e também um
curso sobre o que foi a ditadura militar de 1964, que a própria Folha rotulou
como "ditabranda".
“O papel
institucional de um jornal como a Folha é mostrar de maneira didática e sem
viés o que aconteceu, para que não aconteça mais. Não há solução fora da
democracia, não há caminho que não o da Constituição”, diz o diretor de Redação
da Folha, Sérgio Dávila.
Segundo o
jornal, a campanha é inspirada na mobilização das Diretas Já, em 1984. Há 36
anos, uma faixa amarela foi acrescentada embaixo do cabeçalho do jornal, junto
da frase “Use amarelo pelas diretas já”. Agora, a faixa retorna, com a frase
“#UseAmarelo pela Democracia”, nas versões impressa e digital. O filme publicitário
será veiculado ainda em canais de TVs abertas e pagas e em mídias sociais,
informa a Folha em sua reportagem.
"O
amarelo foi a cor das Diretas e, embora com variações, principalmente na camisa
da seleção brasileira, tenha sido apropriado por Jair Bolsonaro e seus
apoiadores, vem sendo resgatado por grupos com bandeiras pró-democracia
surgidos nas últimas semanas, como o Estamos Juntos e o Somos 70 por cento,
referência ao percentual apontado em pesquisas Datafolha de pessoas que não
aprovam a gestão do atual presidente", explica o jornal.
A campanha
"pela democracia" da Folha, no entanto, não envolve qualquer
autocrítica do jornal pelo apoio à ruptura do pacto democrático em 2016, que
abriu espaço para a barbárie bolsonarista.
Brasil 247
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