
Foto: Reprodução/Youtube Presidência da República
A proposta foi feita no último dia 21, em videoconferência com a
participação de Bolsonaro, que prometeu cuidar pessoalmente do assunto
7 de junho de
2020
Padres e
leigos conservadores que controlam boa parte do sistema de emissoras católicas
de rádio e TV ofereceram ao presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) “mídia
positiva” para ações do governo na pandemia do novo coronavírus. Em troca,
porém, eles pedem anúncios estatais e outorgas para expandir sua rede de
comunicação.
De acordo com
matéria do repórter Felipe Frazão, publicada no Estadão deste sábado (6), a
proposta foi feita no último dia 21, em videoconferência com a participação de
Bolsonaro. A reunião foi pública e transmitida por redes sociais do Planalto e
pela TV Brasil. O grupo solicitou acesso ao Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações, à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e,
principalmente, à Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).
O padre
Welinton Silva, da TV Pai Eterno, ligada ao Santuário Basílica do Divino Pai
Eterno, em Trindade (GO), foi bem explicito:
Ele disse que
espera uma aproximação com a Secom, que tem R$ 127,3 milhões em contratos com
agências de publicidade, para oferecer uma “pauta positiva das ações do
governo” na pandemia da covid-19.
“A nossa
realidade é muito difícil e desafiante, porque trabalhamos com pequenas
doações, com baixa comercialização. Dentro dessa dificuldade, estamos
precisando mesmo de um apoio maior por parte do governo para que possamos
continuar comunicando a boa notícia, levando ao conhecimento da população
católica, ampla maioria desse país, aquilo de bom que o governo pode estar
realizando e fazendo pelo nosso povo. Precisamos ter mais atenção para que
esses microfones não sejam desligados, para que essas câmeras não se fechem.”
O padre e
cantor Reginaldo Manzotti, da Associação Evangelizar é Preciso, com rádios e TV
próprias, cobrou agilidade e ampliação das outorgas. “Nós somos uma potência,
queremos estar nos lares e ajudar a construir esse Brasil. E, mais do que
nunca, o senhor sabe o peso que isso tem, quando se tem uma mídia negativa. E
nós queremos estar juntos”, disse.
O empresário
João Monteiro de Barros Neto, da Rede Vida, afirmou que “Bolsonaro é uma grande
esperança”. Argumentou, ainda, que veículos católicos precisam ser
“verdadeiramente prestigiados”. Barros Neto pediu não apenas mais entrevistas,
como também a participação do presidente em eventos promovidos por católicos.
“A Rede Vida é a quarta maior rede de TV digital do País, mas, para que
possamos crescer, precisamos ter mais investimentos”, resumiu ele.
Emissoras de
TV ligadas a grupos religiosos receberam, no ano passado, R$ 4,6 milhões em
pagamentos da Secom por veiculação de comerciais institucionais e de utilidade
pública.
Os católicos
ficaram com R$ 2,1 milhões e os protestantes, com R$ 2,2 milhões. Em 2020,
emissoras de TV católicas receberam, até agora, R$ 160 mil, enquanto as
evangélicas, R$ 179 mil, de acordo com planilhas da Secom.
O encontro
virtual foi intermediado pelo líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo
(PSL-GO), com a Frente Parlamentar Católica.
Já o
presidente da bancada católica, deputado Francisco Jr. (PSD-GO), pediu que
Bolsonaro promova, mensalmente, um café da manhã de conversa e oração com eles.
“Estamos um
pouco enciumados. Nós somos a maioria e a maioria é que ganha eleição sempre”,
alegou Francisco Jr., para quem as pautas da bancada “têm a cara de Jair
Bolsonaro.” O deputado Diego Garcia (Podemos-PR) afirmou, por sua vez, que a
bancada quer fortalecer o governo. “O senhor pode contar 100% nas matérias
pertinentes em apoio ao governo”, disse Garcia a Bolsonaro.
Bolsonaro
prometeu tratar pessoalmente do assunto.
Estadão
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