
(Foto: REUTERS/Ueslei
Marcelino | REUTERS/Ricardo Moraes)
O desmatamento na Amazônia Legal cresceu pelo 14º mês
consecutivo em junho, aumentando a pressão sobre o governo de Jair Bolsonaro,
em um momento em que investidores e empresários passaram a cobrar dele uma ação
mais efetiva contra a maior destruição da floresta da década
10 de julho de
2020
Reuters - O
desmatamento na Amazônia Legal cresceu pelo 14º mês consecutivo em junho,
mostraram números preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), aumentando a pressão sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro em um
momento em que investidores e empresários passaram a cobrar dele ação mais
efetiva contra a destruição da floresta.
De acordo com
os dados do Deter, programa de satélite usado para acompanhar em tempo real o
desmatamento, a derrubada da floresta aumentou 10,7% em junho, comparado com o
mesmo mês do ano passado. Nos primeiros seis meses do ano, a área devastada
cresceu 25%, chegando a 3.066 quilômetros quadrados, mostram os dados do Inpe.
“A pressão
está aumentando”, disse à Reuters Mariana Napolitano gerente de ciência da ONG
WWF-Brasil. “Os dados de desmatamento por si só já mostram que a gente tem uma
situação muito complicada e fora do controle na Amazônia agora.”
De acordo com
Ane Alencar, diretora de ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da
Amazônia (Ipam), se um novo crescimento vier em julho, o país se encaminha para
uma taxa de desmatamento anual de mais de 15 mil quilômetros quadrados,
equivalente a duas vezes e meia o tamanho do Distrito Federal, um aumento de
quase 50% em relação aos 10.129 quilômetros quadrados desmatados em 2019 e
maior número desde 2005, de acordo com os dados oficiais do governo.
Os números do
Inpe, medidos através do sistema Prodes, mais detalhados do que o Deter, são
levantados entre agosto de um ano a julho do ano seguinte, e estão previstos
para divulgação até o final de 2020.
Pesquisadores
e ativistas ambientais acusam o governo Bolsonaro de dar poder a madeireiros
ilegais, fazendeiros e grileiros de terra ao enfraquecer as agências de
fiscalização ambiental e defender o aumento da mineração e do agronegócio na
Amazônia como forma de desenvolvimento da economia na região.
O presidente
afirma que está sendo demonizado e que o país tem um histórico exemplar na
proteção ambiental e faz questão de apontar que a maior parte da Amazônia ainda
é coberta pela mata nativa.
A pressão
interna e externa, vinda especialmente do setor empresarial, fez com que o
governo reagisse com uma tentativa de fazer um controle maior do desmatamento e
das queimadas na Amazônia.
Desde maio,
sob o comando do vice-presidente Hamilton Mourão, o governo autorizou uma
operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) com as Forças Armadas na Amazônia
para evitar queimadas e tentar conter o desmatamento, até agora sem muito
sucesso. A GLO, que se encerraria nesta sexta-feira, foi prorrogada até
novembro, de acordo com decreto publicado no Diário Oficial da União.
Na
quinta-feira, depois de reunião com representantes de fundos de investimento
internacionais, o governo anunciou um novo decreto, a ser publicado na próxima
semana, proibindo por 120 dias as queimadas autorizadas na Amazônia e no
Pantanal.
Cientistas afirmam
que a preservação da Amazônia, maior floresta tropical do mundo, é vital para
reduzir as mudanças climáticas pelas enormes quantidades de gases de efeito
estufa que a floresta é capaz de absorver.
Entre 1º de
janeiro e 25 de junho, o Ipam e o centro de pesquisa norte-americano Woods Hole
calcularam que o desmatamento e as queimadas na Amazônia liberaram na atmosfera
115 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono, cerca de 20% a mais do
que no mesmo período do ano passado, o que equivale às emissões anuais de 25
milhões de carros.
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