
A estudante
Maciellen Almeida dos Santos, 12 anos, tem utilizado a internet móvel para
acompanhar as aulas remotas em São Gonçalo (Foto: Arquivo Pessoal)
De acordo com a Secretaria Municipal da Educação, as atividades
remotas de ensino alcançam 95% dos mais de 11.500 alunos da rede pública
municipal
Por: LAIS
OLIVEIRA
08/07/2020
Quando a
pandemia interrompeu as aulas na escola, Antônio Narcísio Rodrigues Santos, 13
anos, teve de se adaptar para continuar a estudar. Ele não tem acesso à
internet onde mora, no distrito de Taiba, em São Gonçalo do Amarante, a 69 km
de Fortaleza. Para alcançar melhor alunos como Narcísio, os professores da
Cidade passaram a realizar também acompanhamento por telefone.
Somente pelo
celular da prima, que é sua vizinha, o estudante consegue receber os exercícios
enviados pelos professores no grupo da turma no WhatsApp e participar das
webconferências, além das atividades impressas entregues na escola em dias
marcados.
"É
complicado, porque nas aulas presenciais eu poderia tirar dúvidas. Por não ter
internet, eu não tinha total acesso às aulas e aos conteúdos que os professores
mandavam", conta o estudante ao O POVO.
De acordo com a
Secretaria Municipal da Educação de São Gonçalo do Amarante, as atividades
remotas alcançam 95% dos mais de 11.500 alunos da rede pública municipal, que
inclui educação infantil até 9° ano em 54 escolas. Desses, 85% têm internet,
enquanto outros 15% estão sendo acompanhados por meio do telefone e recebendo
tarefas escolares em casa ou indo buscar na escola.
A professora
Neila Moraes leciona Língua Portuguesa e Religião na Escola de Educação Básica
(EEB) Professora Alba Herculano Araújo, onde Narcísio estuda. Ela explica que
as ligações são direcionadas mais aos alunos sem internet para saber sobre o
andamento das atividades e tirar dúvidas. Na maior parte do tempo, é no grupo
de WhatsApp de cada turma que a comunicação entre o corpo docente e os
estudantes ocorre.
Ainda assim, as
dificuldades de contato em alguns casos acontecem. "Mesmo ligando, tive de
ir na casa de alguns. Mas não obtive retorno. Porém, a maioria foi excelente,
além do meu esperado. É tudo muito novo para todos nós, e eles foram
maravilhosos, cumprindo direitinho seu papel com a tarefas remotas",
afirma Neila.
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escolas
Para a estudante
Maciellen Almeida dos Santos, 12 anos, que também residente na Taiba, a
internet móvel tem sido a única saída para não perder conteúdo. Aluna do 7°
ano, Maciellen vem recebendo as atividades online desde março. De acordo ela,
os professores enviam o exercício por foto ou em PDF, com o prazo de entrega.
"As
explicações são um pouco mais difíceis de entender porque os professores nos
mandam referências de videos e sites, mas não é a mesma coisa", relata.
Além das atividades online, a escola entregou aos alunos dois blocos de tarefas
impressas.
Ainda segundo a
professora Neila, um dos obstáculos do ensino remoto tem sido atender a uma
demanda grande de alunos utilizando o celular particular. "Atendíamos
alunos e pais até tarde da noite. Outra dificuldade era a participação. Na sala
de aula, todo dia temos uma certa resistência de alguns estudantes e com a
distância essa resistência aumenta muito", comenta.
Secretaria de educação pretende fazer implementações
De acordo com o
secretário municipal da Educação de São Gonçalo do Amarante, Guerreiro Neto, no
ensino remoto, os telefones são a possibilidade de comunicação entre
professores, coordenadores, pais e responsáveis". Assim, a escola orienta
diretamente e oferece um "acompanhamento personalizado" em caso de
dificuldades dos estudantes.
O secretário
explica também que uma parcela dos alunos não foi possível de contatar até o
momento (5%). "Com a pandemia, muita gente que tinha emprego no complexo
do Pecém, teve a vaga suspensa ou encerrada e os pais voltaram para sua
família. É um percentual que não dá uma devolutiva, mas continuamos
buscando", garante.
Apesar de
reconhecer que a aula remota não substitui o contato presencial, o secretário
considera que o retorno tem sido satisfatório, com retorno de 99% das
atividades didáticas. O objetivo é fazer implementações para continuar o ensino
remoto no segundo semestre, considerando que não há definição sobre o retorno
presencial.
Entre as ações
projetadas estão a implantação de uma plataforma de ensino única para os
professores e até um possível retorno presencial dos servidores em agosto para
que o prédio escolar funcione como suporte de planejamento didático, com
esquema de rodízio e tomando as medidas de proteção. Há também a previsão de
volta das atividades de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O município
formou um Comitê Municipal Intersetorial, com participação de setores da Saúde
e da Educação, para construir um plano de retomada. "Estamos construindo
um protocolo de retorno presencial às aulas, mas não tem data porque vai
depender de uma conjuntura de como o vírus está se comportando", finaliza
o secretário. Até as 8h58min desta quarta-feira, 8, São Gonçalo do Amarante
contabilizava 1.731 casos confirmados da Covid-19 e 41 óbitos, segundo a
plataforma IntegraSUS.
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