
(Foto: Reprodução | Milton Michida/GOVSP)
O senador tucano e sua filha não mereceram manchete da Folha, do
Globo e do Estado, após serem denunciados por lavagem internacional de propinas
pagas pelas empreiteiras em contas no exterior
4 de julho de
2020
O senador José
Serra (PSDB-SP), que foi governador de São Paulo, continua relativamente
blindado pela mídia corporativa nacional. Mesmo tendo sido denunciado pelo
Ministério Público Federal após a descoberta de que empreiteiras pagaram
propinas por corrupção nas obras do Rodoanel nas contas do lobista José Amaro
Pinto Ramos, cujos recursos depois foram transferidos para sua filha Verônica,
num esquema internacional de lavagem de dinheiro, ele não ganhou a manchete
principal da Folha de S. Paulo, do Globo ou do Estado de S. Paulo. Nos três
jornalões, o caso mereceu apenas uma chamada menor na primeira página – o que
apenas confirma a seletividade da mídia brasileira. A ação judicial conseguiu,
inclusive, bloquear R$ 40 milhões numa conta utilizada no esquema.
Confira a nota
do Ministério Público Federal e a denúncia completa:
O Ministério
Público Federal (MPF) denunciou, nesta sexta-feira (3), o ex-governador e
atual senador José Serra (PSDB/SP) e sua filha, Verônica Allende Serra, pela
prática de lavagem de dinheiro transnacional. Segundo a denúncia oferecida
pela Força-Tarefa Lava Jato de São Paulo, José Serra, entre 2006 e 2007,
valeu-se de seu cargo e de sua influência política para receber, da
Odebrecht, pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados às obras
do Rodoanel Sul. Milhões de reais foram pagos pela empreiteira por meio de uma
sofisticada rede de offshores no exterior, para que o real beneficiário dos
valores não fosse detectado pelos órgãos de controle.
As investigações,
conduzidas em desdobramento de outras frentes de trabalho da Lava Jato de SP,
demonstraram que José Amaro Pinto Ramos e Verônica Serra constituíram
empresas no exterior, ocultando seus nomes, e por meio delas, receberam os
pagamentos que a Odebrecht destinou ao então governador de São Paulo. Nesse
contexto, realizaram numerosas transferências para dissimular a origem dos
valores, e os mantiveram em uma conta offshore controlada, de maneira oculta,
por Verônica Serra até o fim de 2014, quando foram transferidos para outra
conta de titularidade oculta, na Suíça.
Operação
Revoada – Paralelamente à denúncia, a força-tarefa também deflagrou, nesta
data, a Operação Revoada para aprofundar as investigações a respeito de
outros fatos relacionados a esse mesmo esquema de lavagem de dinheiro em
benefício de José Serra. Com autorização da Justiça Federal, oito mandados de
busca e apreensão estão sendo cumpridos em São Paulo (SP) e no Rio de Janeiro
(RJ).
Até agora, a
força-tarefa já detectou que, no esquema envolvendo Odebrecht e José Serra,
podem ter sido lavados dezenas de milhões de reais ao longo dos últimos anos.
Com as provas coletadas até o momento, o MPF obteve autorização na Justiça
Federal para o bloqueio de cerca de R$ 40 milhões em uma conta na Suíça.
Em um momento
de incertezas, a Força-Tarefa Lava Jato de São Paulo reafirma seu compromisso
com um trabalho técnico, isento e sereno. As investigações seguem em sigilo.
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