
(Foto: Reuters | Roberto Jayme/Ascom/TSE)
Parlamentares querem que as contas banidas na rede social,
tuteladas pelo filho de Jair Bolsonaro, entrem nas investigações conduzidas
pelo ministro Alexandre de Moraes, assim como pela Câmara dos Deputados
9 de julho de
2020
A implosão do
gabinete do ódio, milícia digital comandada pelos filhos de Jair Bolsonaro para
espalhar mentiras e ataques a adversários políticos, pelo Facebook deve dar
novo gás às investigações sobre fake news que vêm sendo conduzidas pelo Supremo
Tribunal Federal e pela Câmara dos Deputados.
"A
oposição requereu ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de
Moraes que investigue a ligação de assessores do presidente Jair Bolsonaro (sem
partido), seus filhos e aliados com 73 contas falsas derrubadas pelo
Facebook", aponta reportagem de Renato Onofre, publicada na Folha de S.
Paulo. "Moraes é o relator do inquérito que apura a existência de uma rede
organizada para propagar ataques às instituições e disseminar fake news",
lembra o jornalista, que diz que o grupo implodido pelo Facebook é
"tutelado" pelo vereador Carlos Bolsonaro.
“É uma
confirmação necessária e reforça o que investigamos até aqui”, diz a deputada
Lídice da Mata (PSB-BA), relatora da CPI das fake news. “Falta agora ação do
WhatsApp para chegarmos aos autores de disparos em massa que vem atacando
covardemente a honra das pessoas e das nossas instituições”, afirmou o deputado
Ângelo Coronel, que preside a Comissão.
Saiba mais em
reportagem da Reuters:
(Reuters) - O
Facebook suspendeu nesta quarta-feira uma rede de contas na rede social que a
empresa disse ter sido usada para espalhar mensagens políticas de desinformação
por assessores do presidente Jair Bolsonaro e de dois de seus filhos.
A empresa
afirmou que, apesar dos esforços para disfarçar quem estava por trás da
atividade, foram encontrados vínculos com as equipes de dois parlamentares,
assim como de assessores do presidente e de seus filhos Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP), que é deputado federal, e Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que é
senador.
Nathaniel
Gleicher, chefe da política de segurança cibernética do Facebook, disse que as
contas foram removidas por usarem perfis falsos e outros tipos de
“comportamento não-autêntico coordenado”, o que viola as regras da companhia.
Ele disse que
não há evidências de que os próprios políticos tenham operado as contas. “O que
podemos provar é que os funcionários desses gabinetes estão envolvidos em
nossas plataformas nesse tipo de comportamento”, disse ele à Reuters antes do
anúncio oficial da empresa.
Procurado pela
Reuters, o Palácio do Planalto não respondeu de imediato a pedido de
comentários.
Flávio
Bolsonaro disse em nota que o governo Bolsonaro foi eleito com forte apoio
popular nas ruas e nas redes sociais e, por isso, é possível encontrar milhares
de perfis de apoio.
“Até onde se
sabe, todos eles são livres e independentes”, disse a nota, acrescentando que,
pelo relatório do Facebook, “é impossível avaliar que tipo de perfil foi banido
e se a plataforma ultrapassou ou não os limites da censura”.
As alegações
do Facebook se somam à atual crise política no Brasil, onde apoiadores de
Bolsonaro e filhos do presidente têm sido acusados de realizar campanhas online
coordenadas para atacar adversários políticos do presidente.
As acusações
estão sendo abordadas em uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito no
Congresso, a CPMI das Fake News, e também são alvo de uma investigação separada
do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre ataques ao Judiciário, que já resultou
em operações policiais de busca e apreensão em casas e escritórios de aliados
de Bolsonaro.
O presidente,
que também é alvo de críticas pela resposta do governo federal à pandemia de
coronavírus, disse que a investigação do STF é inconstitucional e pode resultar
em censura no Brasil, ao restringir o que as pessoas podem dizer nas redes
sociais.
O Facebook
está sob crescente pressão nas últimas semanas para policiar melhor como os
grupos políticos usam sua plataforma. Centenas de anunciantes aderiram a um
boicote destinado a forçar a empresa a bloquear o discurso de ódio, e vários
funcionários saíram no mês passado devido à decisão do CEO, Mark Zuckerberg, de
não questionar posts inflamatórios de Trump.
O Facebook
também suspendeu outras três redes de desinformação nesta quarta-feira,
incluindo uma que atribuiu a Roger Stone, um amigo de longa data e conselheiro
do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No caso do
Brasil, Gleicher disse que sua equipe identificou e suspendeu mais de 80 contas
no Facebook e em seu site de compartilhamento de fotos, o Instagram, como parte
da rede de desinformação. As contas acumulavam 1,8 milhão de seguidores, disse
ele, e algumas datam de 2018.
Pesquisadores
do Laboratório de Pesquisa Forense Digital do centro de estudos Atlantic Council,
que passaram uma semana analisando a atividade identificada pelo Facebook,
disseram ter encontrado cinco assessores políticos atuais e do passado que
registraram e operaram as contas.
Algumas dessas
contas se passavam falsamente por pessoas e veículos de comunicação para
espalhar “visões hiperpartidárias” de apoio a Bolsonaro e atacar seus críticos,
disse a pesquisadora Luiza Bandeira. Entre os alvos estavam parlamentares da
oposição, ex-ministros e membros do STF.
Mais
recentemente, as contas também apoiaram as alegações de Bolsonaro de que os
riscos da pandemia de coronavírus são exagerados. A doença já matou mais de
66.000 pessoas no Brasil, e o próprio Bolsonaro teve exame positivo nesta
semana.
“Sabemos há
muito tempo que, quando as pessoas discordam de Bolsonaro, são alvo dessa
máquina que usa a desinformação online para ironizá-las e desacreditá-las”,
disse Bandeira. “Então, saber agora que parte desses ataques vem de pessoas
diretamente relacionadas à família Bolsonaro, isso explica muito.”
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