
POR FERNANDO
BRITO · 08/07/2020
Em propaganda,
é conhecida como “testemunhal” a peça que se serve de uma personalidade
conhecida para dar credibilidade a um produto. Portanto, o vídeo de Jair
Bolsonaro tomando um comprimido de hidroxicloriquina pode ser considerado, na
prática, como um “comercial” do suposto “remédio” para a Covid-19.
Não é a
primeira vez que Bolsonaro se presta a este papel. Anos atrás, também contra
todos os indicadores científicos, fez campanha – e um projeto de lei – para que
a fosfoetanolamina, aquela “pílula do câncer” que, anos atrás, iludiu tantas
pessoas de boa-fé e apiedadas de quem sofria com a doença.
Ao dizer que
“eu confio na hidroxicloroquina, e você?”, Bolsonaro está claramente praticando
o crime de charlatanismo, prometendo meio de cura sem capacidade para isso.
Mas ninguém
mais liga para isso, de tão acostumados que estamos à insânia presidencial.
Um dia, os
historiadores cuidarão desta fase da história contemporânea como “era da
loucura”, algo comparável aos delírios das multidões com o fascismo nos anos
30.
Como então,
servem-se da angústia das massas, oprimidas por uma crise econômica persistente
e, agora, por uma peste contra a qual não se tem reação possível senão a
disciplina social.
Justamente por
isso a “solução milagrosa” se torna tão importante.
O milagreiro,
afinal, precisa de um suposto “milagre”.
O que está
acontecendo é apenas mais do mesmo: o Bolsonaro Messias, o salvador, um Moisés
que acena com a terra prometida.
Mas, o
contrário da história bíblica, não se abrirão as águas do Mar Vermelho e
veremos afogar-se o falso profeta que virou o Jim Jones do século 21.
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