(Foto:
REUTERS/Adriano Machado)
Em editorial, o jornal lembra que o desvio de salários de
servidores públicos para pagar gastos pessoais da família caracteriza uma série
de infrações, tais como peculato, concussão e improbidade administrativa
25 de agosto de
2020
O jornal Estado
de S.Paulo, que assim como o Globo e também como a Folha, apoiou o golpe de
estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff e a prisão política do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fenômenos que permitiram a ascensão de
Jair Bolsonaro, que hoje ameaça "dar porrada" em jornalistas, afirma,
em editorial, que ele se torna selvagem porque não resposta para seus
escândalos de corrupção.
"Não é nada
fácil ser moderado quando se é Jair Bolsonaro. Para quem fez carreira política
na base da ofensa explícita a adversários e ao decoro, interpretar um
personagem discreto e ponderado como o que o presidente incorporou nas últimas
semanas deve demandar um esforço quase sobre-humano. Mas a natureza, cedo ou
tarde, se manifesta, e o presidente Bolsonaro voltou a ser quem sempre foi, ao
dizer a um jornalista, no domingo passado, que estava com 'vontade de encher a
tua boca com uma porrada'. Tudo porque o repórter lhe havia feito uma pergunta
incômoda", aponta o texto.
"Que
pergunta foi essa, afinal, que causou reação tão truculenta de um presidente
que, conforme a crônica política de Brasília, havia se metamorfoseado em
democrata de uns dias para cá? O repórter, do jornal O Globo, perguntara a
Bolsonaro que explicação ele tinha para os depósitos de R$ 89 mil em cheques na
conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, feitos por Fabrício Queiroz e pela
mulher deste, Marta Aguiar. Fabrício Queiroz, como se sabe, é o pivô do
escândalo da 'rachadinha'. Além de sua flagrante imoralidade, tal conduta caracteriza
uma série de infrações, tais como peculato, concussão e improbidade
administrativa", aponta ainda o texto.
"Bolsonaro
escolheu ofender os repórteres que o questionam a respeito desses negócios
esquisitos – ainda ontem, voltou a atacar jornalistas, chamando-os de 'bundões'
(covardes, no dialeto dos valentões). Se tivesse uma boa explicação, o
presidente certamente já a teria dado, sem recorrer à selvageria. Como
aparentemente não tem, faz o que sabe fazer melhor: parte para a intimidação. É
inútil, pois a pergunta incômoda continuará a ser feita, até que haja uma
resposta convincente – dada ou pelo presidente ou pela Justiça", finaliza
o editorialista.
0 comentários:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor