Por: Fernando Brito | 17/08/2020
A festejada
delação premiada do doleiro Dario Messer produziu um efeito colateral.
A narrativa da
Veja é arrasadora:
Em depoimento
realizado no dia 24 de junho e que consta no anexo 10 da delação que tem mais
de 20 capítulos, o doleiro afirma ter realizado repasses de dólares em espécie
para os Marinho em várias ocasiões. Segundo o delator, a entrega dos pacotes de
dinheiro acontecia dentro da sede da Rede Globo, no Jardim Botânico. Messer diz
que um funcionário de sua equipe entregava de duas a três vezes por mês
quantias que oscilavam entre 50 000 e 300 000 dólares.
E quem pegava
estas “malas”?
De acordo com
o delator, a pessoa que recebia o dinheiro na Globo era um funcionário
identificado por ele como José Aleixo.
E quem é José
Aleixo? Não só sempre foi o homem forte das finanças da Globo, como assessorava
o próprio Roberto Marinho em suas movimentações financeiras desde os tempos dos
acordos com a Time Life que permitiram a construção do império. Na tese de
doutorado de João Braga Arêas, na Universidade Federal Fluminense, em 2012, a
proximidade singular entre Marinho e Aleixo já era registrada:
Em 1969,
Marinho comprava a parte de suas empresas que pertencia a Time Life, através de
financiamentos obtidos com o banqueiro José Luiz de Magalhães Lins e com o
Banco da Estado da Guanabara. Alguns integrantes da empresa norte-americana
permaneceriam na Globo, como Joe Wallach, José Aleixo e Homero Sánchez.
Aleixo era,
portanto, mais que um funcionário da Globo: era amigo íntimo de Marinho e
detentor de segredos que, nesta condição, defendia todo o tempo. Foi, por isso,
um dos adversários mais empedernidos do projeto Memória Globo, mas lá acabou
aparecendo em um econômico perfil.
Irônico que
ele, o homem em que “Doutor Roberto” mais confiava em matéria de dinheiro possa
ser o início do fio da meada que descerre os segredos dos negócios bilionários
da família Marinho.
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