(Foto:
REUTERS/Ueslei Marcelino | Marcos Corrêa/PR)
Segundo o
pesquisador Alberto Setzer, não estão corretos dados que apontam que os
incêndios na Amazônia caíram 5% em agosto, conforme informação disponível
atualmente no sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
3 de setembro de
2020
(Reuters) - Os dados oficiais de agosto sobre
focos de incêndio na Amazônia precisam ser corrigidos e provavelmente vão
mostrar uma alta na comparação com o ano passado, o que significará o pior mês
de agosto em uma década, disse à Reuters nesta quarta-feira um dos
pesquisadores responsáveis pelos números.
Segundo o
pesquisador Alberto Setzer, não estão corretos dados que apontam que os
incêndios na Amazônia caíram 5% em agosto, conforme informação disponível
atualmente no sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O pesquisador do
Inpe, que trabalha na produção dos dados oficiais sobre focos de incêndios,
disse que o registro de dados finalizados sofreu um atraso por um erro em uma
satélite da Nasa.
Quando a questão
for resolvida, afirmou, agosto deste ano provavelmente registrará um aumento de
1% a 2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Isso significa que seria
o pior mês de agosto em números de incêndios desde 2010.
“Vai subir. O
número de incêndios, focos de incêndio, vai aumentar. Talvez 1% ou 2%, eu
diria”, afirmou Setzer.
A assessoria de
imprensa do Inpe encaminhou um pedido de comentário para Setzer, que deu mais
detalhes sobre seus cálculos e alertou que uma variação de 1% a 2% ficaria
dentro da margem de erro.
O Ministério da
Ciência e Tecnologia, ao qual o Inpe é vinculado, não respondeu a um pedido de
comentário.
Já a assessoria
do presidente Jair Bolsonaro não quis comentar, direcionando perguntas ao
gabinete do vice-presidente da República Hamilton Mourão, que coordena o
Conselho Nacional da Amazônia Legal. O gabinete de Mourão não respondeu de
imediato a um pedido de comentário. Uma porta-voz do Ministério do Meio
Ambiente não quis comentar.
Uma onda de
focos de incêndios na Amazônia, em agosto de 2019, que levou a um pico das
queimadas em nove anos, provocou protestos pelo mundo e no Brasil, com críticas
à política de proteção da maior floresta tropical do mundo. O presidente
francês, Emmanuel Macron, chegou a trocar farpas com Bolsonaro à época.
Defensores do
meio ambiente e cientistas responsabilizam Bolsonaro pela deterioração de
políticas de proteção ambiental no país e criticam o apelo ao desenvolvimento
da Amazônia, encorajando madeireiros ilegais e especuladores de terras a
derrubarem a floresta.
Especialistas
afirmam que a proteção da Amazônia é vital para conter as mudanças climáticas
no mundo.
Em 19 de agosto,
o Inpe publicou uma nota em seu site na qual afirmava haver um problema com o
satélite Aqua, da Nasa, a agência espacial norte-americana, que gera os dados
de incêndios. Como consequência, os dados estavam incompletos desde 16 de
agosto. A Nasa publicou avisos semelhantes em seu site alertando sobre
problemas com o satélite.
Setzer disse que
o Inpe tem procurado fontes alternativas para corrigir o problema, estimando
que pode demorar de uma a duas semanas para que os dados finais sejam
publicados.
Uma vez
corrigidos os dados, com falhas para a Amazônia a partir de 16 de agosto,
juntamente com diferenças menores produzidas por dados ausentes para o norte da
Amazônia desde então, o número final deve mostrar um ligeiro aumento, afirmou
Setzer.
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