Ontem (16), o Governo do Ceará assinou um acordo de entendimento
por um investimento de mais de R$ 4 bilhões. Em paralelo, Estado negocia uma
outra refinaria que poderá focar na produção de gasolina e diesel
Por Samuel
Quintela | 17/09/2020
Depois de duas
tentativas frustradas, o Ceará agora espera receber não só uma, mas
possivelmente, duas refinarias. Além de anunciar um acordo de entendimento com
a Noxis Energy ontem (16) para a implantação do empreendimento na Zona de
Processamento de Exportação do Ceará (ZPE), o Governo do Estado ainda trabalha,
em paralelo, para atrair uma segunda refinaria, de acordo com o secretário de
Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado, Maia Júnior.
Mesmo no
primeiro projeto, um pouco mais avançado, a administração estadual ainda está
conversando com a empresa para projetar os potenciais de evolução do
empreendimento, que deverá contar com um investimento inicial de R$ 4,240
bilhões e focar a produção em combustível marítimo. Já a segunda unidade, que
deverá ser focada na produção de combustíveis para abastecer o mercado interno,
com gasolina e diesel, ainda está em fase de prospecção, sem previsão de
confirmação para um novo acordo.
Esses processos,
segundo Maia, ainda devem demorar, considerando a evolução gradativa da
economia. De acordo com o secretário, o esforço para atrair esse tipo de
investimento é importante para fomentar o fortalecimento de uma indústria
petroquímica não só no Ceará, mas na região Nordeste. Com o desenvolvimento
desse mercado, além de potencialmente reduzir os custos dos derivados de
petróleo, há a oportunidade de impulsionar outros tipos de negócios.
Apesar da
perspectiva de longo prazo, a nova refinaria da Noxis Energy deverá gerar pelo
menos 150 empregos diretos e 3 mil indiretos durante a instalação. Já na fase
de operação, Maia Júnior indicou que os processos deverão ter um caráter
tecnológico avançado, dependendo bastante de automação e robótica.
"Eu
participei dos projetos anteriores, e o meu sentimento, dessa vez, está mais
favorável por conta desse projeto estar associado a uma lógica de mercado muito
forte. Serão 150 empregos diretos para que a refinaria funcione em três turnos.
Esse projeto vai funcionar com um processo de altíssimo grau de automação e
robótica", disse o titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e
Trabalho do Ceará (Sedet).
Produção
Inicialmente, a
refinaria da Noxis deve focar a produção em óleo combustível marítimo (bunker),
e terá uma de refino de 50 mil barris por dia (BBL/dia). A previsão é de que,
quando totalmente implantada, a produção chegue a 1,5 milhão de toneladas por
ano de combustível, até 2025.
Mas a produção
deverá focar o abastecimento, pelo menos em etapas iniciais, do mercado
externo. O secretário explica que 80% da produção da Noxis já está confirmada
para venda externa. Ele ressalta que, pelas características do modelo de
negócio, a ZPE foi um dos pontos fundamentais para a escolha do Ceará para
levar a refinaria.
Segundo
especialistas consultados, a Noxis trabalhava com pelo menos três projetos de
refinarias no Brasil: em Sergipe, Espírito Santo e Maranhão. Por conta das
vantagens oferecidas pela ZPE Ceará, a empresa acabou trazendo a unidade que
iria para o Maranhão ao Estado. Negócios implantados em ZPEs recebem diversos
incentivos fiscais, como suspensão de impostos e ter uma certa liberdade
cambial.
"A ZPE foi
definidor para a vinda da Noxis. O porto do Pecém também foi definidor, além
dos avanços do Ceará em infraestrutura e educação nos últimos anos", disse
Maia.
O secretário
ainda comentou que a refinaria da Noxis poderá expandir as operações no futuro
e começar a produzir combustível de aviação.
Além disso, há
também há expectativa de que, no futuro, a unidade possa produzir outros
derivados de petróleo para abastecer o mercado interno cearense, como gasolina
e diesel. Essa etapa do projeto, contudo, segundo Maia, dependerá do
desenvolvimento da demanda e do crescimento do poder de consumo no mercado
cearense.
"Nós
detalharemos o projeto a partir de agora. Conversamos muito sobre a
possibilidade de aumentar a participação de movimentação do porto do Pecém em
granéis líquidos. Então conversamos a possibilidade deles fortalecerem um hub
de combustíveis no Ceará para melhorar o fornecimento no nosso mercado, mas
isso demora", explicou.
"Quando
aumentarmos a entrada, podemos melhorar a demanda e o suprimento para melhorar
os preços. Hoje é o start do trabalho. A partir de agora, eles (Noxis) vão
começar a desenvolver os compromissos com o Estado, que em primeiro lugar é
construir a refinaria. Tudo pode acontecer, mas depende de demanda",
completou Maia Júnior.
Mercado
A busca por
empreendimentos que produzam combustíveis para o mercado interno, reduzindo os
custos dos produtos nacionais, é justamente o que preocupa o consultor em
petróleo e gás, Bruno Iughetti.
Ele ponderou que
será importante a manutenção do diálogo constante do Governo do Estado com a
Noxis para entender os planos de futuro da companhia, com relação aos planos de
expansão e produção de outros derivados após o tipo bunker.
Além disso,
Iughetti lembra que a Noxis pode ajudar a impulsionar os negócios de pequenas
empresas no setor de extração e exploração de petróleo no Nordeste. Ele citou a
3R, que assumiu o controle dos poços da Fazenda Belém e Icapuí da Petrobras.
"É
importante saber quando seria viabilizada a produção de gasolina e diesel, que
é o gargalo aqui no Ceará. E é importante saber qual a fonte de fornecimento do
petróleo cru para saber quais as intenções de funcionamento", pontua
Iughetti.
Em mais um
acordo, Estado assina memorando para ter nova refinaria no Ceará. Unidade
deverá focar na produção de combustível para navios. Secretaria de
Desenvolvimento já trabalha para garantir outra refinaria.
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