Foto: Reprodução/Blog do Moisés Mendes
18 de outubro de 2020
Na Argentina, as estrelas do futebol que revelam posições firmes
geralmente são progressistas e até assumidamente peronistas. Muitos admiram Che
Guevara, os casos de Maradona e de Messi.
Todos os anos, a cada 24 de março, os clubes argentinos emitem notas
pelo Dia Nacional da Memória pela Verdade e pela Justiça, em homenagem aos
torturados e mortos pela ditadura. Algo inimaginável no Brasil.
No Chile, grandes jogadores foram às ruas no ano passado e se misturaram
aos estudantes em manifestações contra o governo fascista de Sebastián Piñera.
O time do Colo-Colo, do líder Esteban Efraín Paredes Quintanilla, é
antifascista.
A voz uruguaia que se ouve na Europa é a do craque Edinson Roberto
Cavani, um humanista saído de um país em que o futebol sempre teve vínculos com
os movimentos sociais.
Foi no Uruguai, nos anos 70, que Julio Filippini, atacante de 19 anos,
do Defensor, deu uma entrevista a uma rádio, ao final de um jogo, e dedicou um
gol ao irmão Eduardo, que havia sido encarcerado pela ditadura. O Uruguai tinha
técnicos assumidamente comunistas.
No Brasil, jogadores, técnicos e dirigentes nos deixaram poucos exemplos
de bravura. São sempre os mesmos, nem vale a pena repetir seus nomes outra vez.
A regra aqui é a subserviência.
Hoje, a maioria é de omissos ou bolsonaristas. O Rio Grande do Sul tem
um caso nacional: Renato Portaluppi apoderou-se do Grêmio e conseguiu
bolzonarizar o clube de Alcindo, Airton e Everaldo.
Robinho, processado por estupro, é o exemplo mais recente do
bolsonarista que vira criminoso. Parecia fofinho, com o lustro que ganhou na
Europa, mas é um ogro que tenta se defender agredindo as feministas, para assim
atacar todas as mulheres.
Antes de serem bolsonaristas, ele e a maioria dos machistas e
homofóbicos são alienados. Por isso mesmo são bolsonaristas.
Robinho comparou-se a Bolsonaro, tentou politizar seu caso e, num
recurso clássico da direita vulgar e ‘religiosa’, citou Deus e o demônio para
se defender da acusação de violência sexual contra uma mulher embriagada.
A frase é de alguém que tem fé: “No deserto, é nesses ataques que você
se aproxima de Deus”.
Bolsonaristas, dentro e fora do futebol, têm ótimas relações com o Deus
deles e problemas sérios com as mulheres que eles não entendem direito.
O próprio Bolsonaro está sendo processado por fazer a apologia do
estupro, numa série de ataques covardes à deputada Maria do Rosário.
O caso está parado no Supremo, enquanto o sujeito ocupa a presidência e
finge que governa. Mas uma hora, quando ele sair, será levado adiante.
As mulheres podem derrubar Bolsonaro, assim como tentam acabar com o
ditador Aleksandr Lukashenko, na Bielorrússia.
Mas teriam que contar pelo menos com a ajuda dos homens, e os homens
brasileiros estão acovardados.
O homem brasileiro, em todas as faixas de idade e classes sociais, deve
ser um dos mais covardes do mundo hoje diante das garras do fascismo.
O homem brasileiro encaramujou-se na sua covardia e não abandona o
conforto dessa resignação. As mulheres não podem fazer tudo, carregando o peso
morto de tanto acovardamento.
x.x.x.x.
Luis Arce, o candidato do Movimento ao Socialismo (MAS) e de Evo
Morales, será eleito hoje presidente da Bolívia.
A extrema direita tentará mais um golpe na terra em que assassinaram Che
Guevara. Mas desta vez será mais difícil.
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