8 de Novembro de 2020
A última vitória de Bolsonaro não aconteceu no território da política,
mas do futebol. Foi a vitória do seu adorado Palmeiras contra o Bragantino. Na
política, Bolsonaro não ganha quase nada, além do apoio comprado do centrão,
desde que se elegeu.
Bolsonaro tentou, durante meses, ganhar de presente um golpe dos
militares, para que pudesse governar como um imperador de Rio das Pedras.
Não conseguiu. Blefou, atraiu seus generais para a armadilha de
participar dos atos fascistas de Sara Winter na Esplanada dos Ministérios, mas
teve de recuar.
Bolsonaro ameaçou com o golpe para assim amedrontar o Supremo. O Supremo
reagiu e até Dias Toffoli e Luiz Fux mandaram Bolsonaro e os generais se
aquietarem.
Bolsonaro tentou aparelhar os organismos de inteligência e até a Polícia
Federal, com a esperada ajuda de Sergio Moro, mas o juiz amarelou e caiu fora.
Bolsonaro perdeu, mesmo que aparentemente tenha vencido, e está sob
investigação no STF, onde também investigam seus filhos.
Bolsonaro fez apostas externas, como pretendia ser líder
latino-americano, e perdeu na Argentina, no Uruguai, na Bolívia, no Chile, na
Venezuela (com as muitas tentativas de golpe) e agora nos Estados Unidos.
Perdeu todas.
Nem mesmo no Uruguai, onde o presidente é de direita, a vitória do
blanco Luis Alberto Lacalle Pou representou a ascensão de um aliado de
Bolsonaro.
Lacalle Pou nunca quis conversa com Bolsonaro. O preferido do sujeito na
eleição no Uruguai era o general extremista Guido Manini Rios, que teve 11% dos
votos.
Parceiros da extrema direita de Bolsonaro fracassam na Itália, em
Israel, na Espanha. O fascismo vai sendo derrotado em toda parte, ou por
eleições ou por ações políticas que constrangem e encurralam o extremismo.
No Chile, os estudantes conseguiram finalmente sepultar a Constituição
de Pinochet e provocar a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Na América Latina, a extrema direita com as unhas de fora só existe nas
mãos peludas do Brasil. Só aqui há um tipo com o perfil de Bolsonaro, com o
apoio de pelo menos um terço da população, enquanto a pandemia continua matando
e a economia definha.
Bolsonaro pode ser, daqui a pouco, um dos últimos fenômenos fascistas
mundiais com suporte do voto. E o voto acabou por derrotar, quando muitos
consideravam impossível, a direita na Argentina, na Bolívia e agora nos Estados
Unidos.
Bolsonaro está na fila. Não há como imaginar que possa sobreviver no
governo além do primeiro mandato. É improvável, num mundo que abala os
alicerces da direita, que Bolsonaro sobreviva além de 2022.
O fim de Trump é o começo do fim de Bolsonaro e dos que dão lastro ao
seu governo. Bolsonaro só não cai antes de 2022 porque tem o suporte dos
militares. Mas até quando?
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