(Foto: Divulgação)
Para a autora do livro “Vaza Jato”, a Lava
Jato foi uma “ação de brasileiros em nome de seus próprios interesses ou de
convicções do que se imaginava que o Brasil deveria ser. Brasileiros contra
brasileiros”
29 de novembro de 2020
Autora do livro “Vaza Jato”, que conta os bastidores por trás da
publicação de uma das mais importantes séries de reportagens publicadas no
Brasil nos últimos anos, Letícia Duarte disse à TV 247 que o trabalho jornalístico
do The Intercept Brasil neste caso evidenciou as práticas corruptas do ex-juiz
Sergio Moro e dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato que tanto pregavam
o discurso contra a corrupção.
Para a jornalista, é notório que “havia interesses econômicos” por parte
dos agentes da Lava Jato. “Quando se endeusa muito ou pessoas são empoderadas
porque acham que estão acima do bem e do mal, entra essa cruzada de ‘eu estou
fazendo uma coisa tão boa que eu posso ganhar alguma recompensa por isso’, e
acho que a imprensa falhou em não investigar. Vale para o caso da Lava Jato mas
vale para qualquer autoridade. Tudo merece ser investigado. Todos os rótulos
são perigosos, os interesses estão sempre ali”.
De acordo com a autora, não se pode negar também a influência dos
Estados Unidos no processo, que promoveu inclusive a perseguição contra o
ex-presidente Lula. Mas, para Letícia, o pior aspecto da força-tarefa, e que
foi revelado pela Vaza Jato, é observar que o grupo era formado por brasileiros
que agiam por conta própria e por interesses singulares, ou seja, eram
brasileiros agindo contra o Brasil. “Acho que a gente historicamente, e com
razões, pinta os Estados Unidos como o malvado tentando influenciar na América
Latina, e acho que muitas vezes os Estados Unidos fizeram esse papel. Mas cada
vez mais no caso da Lava Jato, para mim, o que dói mais é ver brasileiros
contra brasileiros, operação nascida e comandada por brasileiros com seus
próprios interesses, em nome dos seus interesses. Não acho que o Sergio Moro
estava pensando nos Estados Unidos quando decidiu ser ministro do Bolsonaro ou
quando decidiu que tinha que prender o Lula. Tem questões que são tipicamente
brasileiras ali. Foi ação de brasileiros em nome de seus próprios interesses ou
de convicções do que se imaginava que o Brasil deveria ser. Para mim isso é
muito mais relevante”.
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