(Foto: Reprodução/Facebook)
O projeto não tem data de início e os
cientistas citadas não leram o documento
13 de dezembro de 2020
(Reuters) - O Ministério da Saúde apresentou neste sábado o plano
nacional de imunização contra o coronavírus, sem divulgar uma data prevista
para o início da vacinação, e acrescentou a CoronaVac entre as vacinas com
previsão de aquisição pelo governo federal, apesar das críticas já feitas pelo
presidente Jair Bolsonaro ao imunizante chinês.
O chamado “Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a
Covid-19” foi entregue eletronicamente pela pasta, na véspera, à Advocacia
Geral da União (AGU) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito de processo
que tramita na corte sobre a aplicação de vacinas no país, e divulgado pelo
ministério em seu site oficial neste sábado.
O programa é divido em 10 eixos, passando pela definição de
população-alvo, vacinas que serão aplicadas, operacionalização das campanhas,
orçamento e comunicação que será adotada.
De acordo com o documento, serão necessárias 108 milhões de doses para
vacinar 51 milhões de brasileiros do grupo prioritário, que inclui
trabalhadores de saúde e idosos, entre outros. O ministério não apresentou um
cronograma para vacinar esse grupo.
Nesta semana, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a
vacinação poderia começar ainda este ano caso a Pfizer recebe aprovação da
Anvisa para uso emergencial de sua vacina no Brasil e entregue doses ao governo
federal.
O Ministério da Saúde está em negociações com o laboratório por 70
milhões de doses, mas apenas 2 milhões com previsão de entrega no primeiro
trimestre de 2021. A vacina da Pfizer já foi aprovada para uso em países como
Reino Unido, Estados Unidos e Canadá.
Até o momento, o governo federal tem acordos firmados apenas com a
AstraZeneca, com previsão de 130 milhões de doses de vacina no ano que vem, e
com o programa global Covax Facility, por 43,5 milhões de doses.
Apesar da rixa entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria,
cujo governo controla o Instituto Butantan que é responsável no Brasil pela
produção da CoronaVac, a vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac é citada no
documento entre aquelas “com previsão de aquisição pelo Ministério da Saúde”.
Bolsonaro já colocou em dúvida a qualidade da CoronaVac e chegou a vetar
um acordo costurado por Pazuello com o Butantan, mas especialistas em saúde
pública e governadores têm pressionado o governo a incluí-la no plano nacional.
Doria já anunciou, inclusive, que pretende começar a vacinação em São
Paulo em 25 de janeiro com a CoronaVac -- apesar de a vacina ainda não ter
sequer pedido de registro apresentado à Anvisa.
No total, 13 vacinas aparecem na lista do ministério entre aquelas que
podem ser adquiridas. A pasta afirma no plano que está fazendo prospecção de
todas as vacinas e sediou encontros com representantes de diversos laboratórios
que possuem vacinas em fase 3 de pesquisa clínica para aproximação técnica e
logística, destacando que é necessária a aprovação da Anvisa.
Segundo Pazuello, qualquer vacina aprovada pela agência reguladora será
adquirida pelo governo federal.
Quanto ao orçamento, o governo federal afirmou que já disponibilizou 1,9
bilhão de reais de encomenda tecnológica associada à aquisição de doses de
vacina pela AstraZeneca/Fiocruz. Outros 2,5 bilhões de reais foram para adesão
ao Consórcio Covax Facility.
“Além disso, 177,6 milhões de reais para custeio e investimento na Rede
de Frio, na modernização do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais
(CRIE) e fortalecimento e ampliação da vigilância de síndromes respiratórias. E
um destaque orçamentário de 62 milhões reais para aquisição de mais 300 milhões
de seringas e agulhas.”
Na sexta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, estimou em
audiência no Congresso que o custo de uma vacinação em massa da população será
de aproximadamente 20 bilhões de reais. De acordo com uma fonte com
conhecimento da questão, o governo federal está preparando uma medida
provisória liberando esse valor para a imunização da população.
O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que o plano de vacinação será
apresentado e detalhado à população na quinta-feira.
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