(Foto:
Rafael Neddermeyer/Fotos Publicas | Reuters)
No quarto trimestre deste ano, o Brasil tinha 14,061 milhões de
desempregados, um aumento de 7,1% sobre os três meses imediatamente anteriores
e de 13,7% ante o mesmo período de 2019
29 de dezembro
de 2020
(Reuters) - O
Brasil iniciou o quarto trimestre com aumento no número de desempregados diante
da maior procura por emprego, mas ao mesmo tempo apresentou no período alta na
população ocupada, indicando recomposição do mercado de trabalho.
Entre agosto e
outubro a taxa de desemprego foi a 14,3%, segundo os dados divulgados nesta terça-feira
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado
ficou bem acima da taxa de 13,8% vista no trimestre imediatamente anterior, de
maio a julho, mas cedeu ante os 14,6% vistos no trimestre até setembro, máxima
da série histórica da Pnad Contínua iniciada em 2012.
A expectativa
em pesquisa da Reuters era de que a taxa chegasse a 14,7% no trimestre até
outubro.
O desemprego
vem permanecendo em níveis extremamente altos no Brasil como consequência das
medidas de contenção ao coronavírus, sendo o mercado de trabalho normalmente o
último a se recuperar de crises.
No período, o
Brasil tinha 14,061 milhões de desempregados, um aumento de 7,1% sobre os três
meses imediatamente anteriores e de 13,7% ante o mesmo período de 2019.
O resultado
reflete o fato de as pessoas terem passado a sair mais para procurar emprego
diante do relaxamento das medidas de contenção.
Mas o número
de pessoas ocupadas também aumentou nos três meses até outubro, totalizando
84,301 milhões, aumento de 2,8% sobre o trimestre imediatamente anterior mas
queda de 10,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
“Esse cenário
pode estar relacionado a uma recomposição, ao retorno das pessoas que estavam
em afastamento. Nesse trimestre percebemos uma redução da população fora da
força de trabalho e isso pode ter refletido no aumento de pessoas sendo
absorvidas pelo mercado de trabalho e também no crescimento da procura por
trabalho”, explicou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
“Ao longo do
ano, acompanhamos a expansão da população fora da força de trabalho, de pessoas
se retirando do mercado de trabalho, e nesse momento percebemos o retorno de
parcela desses trabalhadores”, completa.
Beringuy
alerta entretanto que na comparação com o mesmo período de 2019 ainda há queda
na ocupação.
“Então esse
pode ser um início de uma recomposição, mas as perdas acumuladas na ocupação
durante o ano ainda são muito significativas”, destacou.
Os empregados
no setor privado com carteira de trabalho assinada somavam 29,769 milhões nos
três meses até outubro, de 29,385 milhões nos três meses imediatamente
anteriores.
Os que não
tinham carteira assinada no período eram 9,470 milhões, de 8,691 milhões antes,
mostraram os dados do IBGE, destacando que a maior parte do aumento no número
de ocupados no período veio exatamente do trabalho informal, que soma os
profissionais sem carteira assinada (empregados do setor privado e
trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores e por conta própria) ou sem
remuneração (auxiliam em trabalhos para a família).
Entre as
atividades, quatro dos dez grupos observados na pesquisa se destacaram com
crescimento na ocupação ante o trimestre anterior --Agricultura, pecuária,
produção florestal, pesca e aquicultura (3,8%), Indústria (3,0%), Construção
(10,7%) e Comércio e reparação de veículos automotores (4,4%).
De acordo com
o Ministério da Economia, o Brasil abriu 414.556 vagas formais de emprego em
novembro, recorde para todos os meses da série histórica do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged) iniciada em 1992. Esse desempenho levou o
saldo do ano a território positivo apesar do impacto no mercado de trabalho da
pandemia de coronavírus.
“Na leitura
geral, o mercado de trabalho vem apresentando uma trajetória benigna. Tanto o
Caged em novembro quanto a Pnad Contínua em outubro reforçam uma boa
recuperação dos empregos destruídos no início da pandemia”, avaliaram analistas
da XP em nota, acrescentando que a maior fonte de incerteza para o mercado de
trabalho é o fim da ajuda do governo às empresas e famílias.
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