Foto: Governo do Estado de SP
Irresponsável, Bolsonaro quer adiar início
da imunização para março
Por Fernando Brito | 04/12/2020
Jair Bolsonaro e João Doria transformaram, definitivamente, a vacina
contra a Covid numa disputa política primitiva, num duelo sem honra.
Depois do silêncio absoluto do ministro-general da saúde, Eduardo
Pazuello, sobre a fórmula chinesa que está sendo testada pelo Butantan paulista
com a chinesa Sinovac, tudo indica que Doria pressentiu que, se não negar
aprovação, a Anvisa bolsonarista – ou alguém acha que o almirante que a dirige
está ali por outra razão? – vai empurrar para as calendas a homologação da
Coronavac.
E fez o seu mais ousado movimento, anunciando para janeiro o início da
vacinação em São Paulo – o que não tem poder legal para fazer, sem o registro
da vacina – para criar uma situação de fato: a negação do registro até o início
do prazo que Doria anunciará para o início de sua aplicação em São Paulo.
Em linguagem popular, Doria pagou para ver se Bolsonaro terá “peito” de
impedir que São Paulo saia na frente com sua própria vacinação.
É claro – e já se apontou aqui – que há um retardo criminoso na
preparação da vacinação em massa, mas não é isso o que move a voluntariosa ação
do governador.
O episódio terá um efeito terrível para outro crime, este de ambos: a
politização da vacina, que vai reduzir a confiança da população, reduzir a
cobertura vacinal e, com isso, as próprias escalas de imunização que são, como
se sabe, fator determinante na eficácia das vacinas.
O duelo de seringas entre Doria e Bolsonaro – se é que este vai mesmo se
empenhar o mínimo pela vacinação, é um espetáculo indizível de banditismo
político.
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