(Foto:
Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Rodrigo Maia "terá duas preocupações básicas: eleger o
sucessor e deixar um legado. A derrota no Supremo o enfraqueceu", diz
Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia. "Será uma disputa ferrenha
com o centrão bolsonarista de Arthur Lira", afirma. "No Senado, a
bola vai cair no colo do emedebista Eduardo Braga, mas também pode haver guerras
de foice"
8 de dezembro
de 2020
Helena Chagas
é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia
...
Nesta
segunda-feira, Brasília amanheceu diante de um daqueles cavalos-de-pau da
política que zeram o jogo. Ao fim e ao cabo, os lavajatistas do STF tiveram um
surto de garantismo e salvaram a Constituição de uma séria desmoralização ao
proibir o que já estava óbvio: os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo
Maia e Davi Alcolumbre, não podem concorrer à reeleição: como as forças
políticas irão se organizar dentro das novas condições?
Há dúvidas.
Políticos, às vezes, podem ser terrivelmente vingativos e dar o troco quando
seus planos são derrubados. Alguns temem, por exemplo, pelo destino da
(pequena) pauta de votações que resta no ano, na qual se inclui, por exemplo, a
LDO – sem a qual o governo não pode
gastar um tostão em 2021 e se veria às voltas com um shutdown. Alcolumbre a
Maia podem perder a pressa nisso aí. E o próprio clima de disputa que a partir
de hoje vai se acirrar nas duas Casas podem prejudicar as votações. É bem possível,
mas não provável.
Pautas novas e
emendas constitucionais parecem fora de cogitação, mas o dever de casa para
começar o ano gastando duodécimos do orçamento - porque este não será votado
antes de fevereiro - deverá ser feito. Até porque, em seus novos lugares de
fala - patos não tão mancos assim -, Alcolumbre e Maia ainda têm planos. O
primeiro por exemplo, não terá mais o comando do Senado, mas pode querer
substituí-lo por um lugar ao sol na Esplanada dos Ministérios. Ao que dizem,
tem especial apreço pela pasta de Minas e Energia, e com essa perspectiva não
vai querer ser responsável por inviabilizar a agenda da governabilidade.
Rodrigo Maia,
por sua vez, terá duas preocupações básicas: eleger o sucessor e deixar um
legado. A derrota no Supremo o enfraqueceu – o ideal, segundo amigos, teria
sido ele obter o direito à reeleição e não utilizá-lo. Nas atuais condições,
não vai poder impor um nome em sua sucessão, mas tem cacife político para
liderar uma articulação para eleger um dos cinco pré-candidatos colocados por
seu grupo - Aguinaldo Ribeiro (PP), Marcos Pereira (Republicanos), Baleia Rossi
(MDB), Elmar Nascimento (DEM) ou Luciano Bivar (PSL) - ou até um nome novo.
Mas será uma
disputa ferrenha com o centrão bolsonarista de Arthur Lira, e Maia não poderá
jogar no “quanto pior, melhor” e enterrar as pautas de fim de ano. Mais do que
isso, para o presidente da Câmara passou a ser fundamental deixar um legado
importante na saída, e ele quer que a reforma tributária seja o carro chefe
dessa herança. Mas ele só avançará em sua tramitação se tiver a concordância do
Planalto - que, por sua vez, condicionará seu apoio à aprovação do mínimo necessário
para sobreviver até o ano que vem, como a LDO.
No Senado, a
bola vai cair no colo do emedebista Eduardo Braga, mas também pode haver
guerras de foice. Segundo aliados, o tucano Tasso Jereissati também está se
movimentando, e podem surgir outros nomes no barata-voa que deve se instalar
com a saída de Alcolumbre do páreo. É bem possível que o Planalto tenha que
adiantar a reforma ministerial planejada para fevereiro.
O certo é que
há um novo formato das nuvens em Brasília, e nele Rodrigo Maia e Davi
Alcolumbre ainda sopram ventos até fevereiro.
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