(Foto:
Reuters | Reprodução)
Moro ocupou o vértice da cadeia de comando da guerra de ocupação
e pilhagem do país, diz o colunista Jeferson Miola
4 de dezembro
de 2020
Integrante do
Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi
coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
...
O cargo de
sócio-diretor da empresa estadunidense Alvarez & Marsal dado a Sérgio Moro
é prêmio e recompensa pela atuação dele na guerra de ocupação e saqueio do
Brasil promovida pelo governo dos EUA e capitais estadunidenses através da
farsa da Lava Jato.
Sintomaticamente,
logo após as primeiras revelações da Vaza Jato pelo site The Intercept Brasil,
Moro fez uma viagem de urgência aos EUA. Tudo indica que para buscar instruções
e montar a estratégia de reação.
Acuado pelas
revelações do Intercept, ele improvisou a viagem entre os dias 22 e 26 de junho
de 2019, onde manteve agendas secretas em Washington – no Departamento de
Estado e no FBI – e em El Paso, fronteira com o México, no Centro de
Inteligência do governo dos EUA.
No regresso,
para se esquivar de explicações e justificar o abafamento das investigações do
escândalo da Lava Jato pela Polícia Federal, Moro trouxe na bagagem a versão
fabricada da fantasiosa invasão de telefones celulares de altas autoridades
brasileiras por hackers.
Até hoje, incrivelmente,
nenhuma das graves e escandalosas provas reveladas pela Vaza Jato que
incriminam procuradores/as, juízes/as, delegados/as da PF, e que comprometem de
maneira indelével desembargadores do TRF4 e ministros do STF [“Aha, uhu, o
Fachin é nosso!; In Fux we trust!; Barroso vale por 100 PGRs”] foram
investigadas pela justiça brasileira.
Nada disso,
contudo, é estranho. Afinal, no Brasil, “as instituições funcionam normalmente”
para a manutenção e reprodução endógena do regime de Exceção que assegura o
mais brutal e devastador processo de destruição da soberania nacional pela
oligarquia a serviço de interesses estrangeiros. Por isso o STF se demora tanto
em reconhecer a suspeição do Moro e em devolver os direitos civis e políticos
do Lula.
Moro ocupou o
vértice da cadeia de comando da guerra de ocupação e pilhagem do país. Ele
ocupou o topo do poder hierárquico da República de Curitiba; foi o verdadeiro
capo di tutti capi, o chefe de todos os chefes daquilo que o ministro do STF
Gilmar Mendes um dia classificou como uma organização criminosa.
Para alcançar
este desonroso posto, Moro dedicou mais da metade da sua carreira na
perseguição a Lula, o seu objeto de obsessivo desejo, finalmente convertido em
prisioneiro político por ele mesmo, Moro, para permitir a tomada de poder na
marra pela extrema-direita.
Na opinião do
economista e pesquisador norte-americano Mark Weisbrot, os EUA usaram Moro e a
Lava Jato para a geopolítica de destruição da independência latino-americana.
Para ele, há evidências claras de que o Departamento de Justiça dos Estados
Unidos está envolvido no crime de uso da Lava Jato para fins geopolíticos,
inclusive convergindo com os interesses políticos “do seu amigo Sérgio Moro”.
De acordo com Weisbrot, a meta principal dos EUA na América Latina sempre foi a
de ter países alinhados à sua política externa. “É com isso que eles mais se
preocupam agora”, afirmou ele em entrevista ao GGN.
Conforme
apurei, “Sérgio Moro permaneceu na carreira de juiz federal por 22 anos, de
1996 a novembro de 2018. Desses 22 anos, dedicou mais da metade do tempo na
perseguição a Lula. De 2005 até o último dia no cargo de juiz da 13ª Vara de
Curitiba – durante, portanto, 13 dos 22 anos de carreira – Moro não se
descuidou de nenhum detalhe concernente ao objetivo primordial da sua vida”.
Ainda não
estão claramente documentadas as conexões do Moro com os comandantes militares
que, como hoje se sabe, tiveram uma atuação secreta na conspiração que instalou
o regime fascista militar no país por meio da eleição ilegítima de Bolsonaro.
Chama atenção,
apesar da falta de comprovações sobre o vínculo de Moro com os militares, que
no ato de transmissão do cargo de Comandante do Exército, o tuiteiro e golpista
general Eduardo Villas Bôas tenha homenageado Moro, além do Bolsonaro e do
general Braga Netto: “2018 foi um ano rico em acontecimentos desafiadores para
as instituições e até mesmo para a identidade nacional. Nele, três
personalidades destacaram-se para que o ‘Rio da História’ voltasse ao seu curso
normal. O Brasil muito lhes deve”, discursou ele, referindo-se “ao ministro
Sergio Moro [como] protagonista da cruzada contra a corrupção”.
Muito se
questiona, nos terrenos moral e ético, as condutas do Moro. Este tipo de
cobrança é absolutamente irrelevante em relação a um patife que corrompeu o
sistema de justiça do Brasil e atuou conscientemente a serviço de uma potência
estrangeira como um verdadeiro lacaio e mercenário.
Moro apenas
está sendo agora premiado e recompensado pelo Império pelos serviços prestados,
de destruir a soberania e a economia do Brasil por obediência aos interesses da
pátria à qual ele efetivamente serve e na qual pode estar buscando seu exílio
preventivo, para fugir da justiça de transição que haverá de alcançá-lo, quando
este pesadelo fascista chegar ao fim.
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