Por Fernando
Brito | 11 de janeiro de 2021
Só não é um
atropelamento de caminhão na economia brasileira porque a empresa já havia
anunciado o fim da produção de caminhões que mantinha há 62 anos no Brasil em
outubro do ano passado.
Mas agora, a
Ford fecha de vez, encerrando também a produção brasileira de veículos de
passeio, iniciada há mais de meio século, quando lançou o Corcel.
Perto de 7 mil
trabalhadores – a fábrica tinha lançado um programa de demissões voluntárias em
setembro passado – perderão o emprego no curto e médio prazo, à medida que a
fabricação de peças vá sendo transferida, como a de veículos, para o Uruguai e
para a Argentina. Quatro ou cinco vezes mais perderão os empregos na cadeia de
fornecimento da empresa.
Sim,
Argentina, aquela que Bolsonaro disse que “viraria uma Venezuela” e que teria
filas de cidadãos fugindo para o Brasil em busca da sobrevivência.
Não é uma
decisão surpreendente, porém.
Desde o ano
passado, a Ford vinha anunciando a intenção de vender a fábrica de São Paulo e
o governador João Doria tentou intermediar a venda para um grupo que detém
licença de fabricação de marcas coreanas e chinesas, mas o negócio fracassou.
O governo
federal, olimpicamente, lavou as mãos.
Embora
trabalhasse com ociosidade, pela queda nas vendas, a Ford representava perto de
15% da capacidade instalada de produção de veículos do país, que já havia
perdido, mês passado, as linhas de montagem da Mercedes.
Claro que os
obturados ideologicamente (já estão fazendo isso nos comentários dos sites de
notícias) vão culpar os custos trabalhistas e “o PT”, mas que diferença para o
tempo em que um governo de um ex-operário metalúrgico fazia do Brasil o destino
preferido para a instalação de novas fábricas de veículos.
É bem possível
que o presidente desta cada vez mais republiqueta reaja com um “e daí?” e diga
que é “o mercado” que deve decidir que empresa vive ou morre, fica ou sai.
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