(Foto:
Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
Segundo os novos diálogos apresentados ao STF pela defesa de
Lula, procuradores da Lava Jato revelam que a delegada da PF Erika Marena criou
um falso termo de depoimento, simulando ter ouvido a testemunha com escrivão e
tudo, “quando não ouviu nada”
22 de
fevereiro de 2021
247 com Conjur
- Novos diálogos de procuradores da Lava Jato, enviados ao Supremo Tribunal
Federal pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta
segunda-feira (22), a delegada da Polícia Federal Erika Marena é acusada de
forjar e assinar depoimentos que jamais ocorreram na operação.
Erika Marena
foi a delegada responsável pela operação que perseguiu reitores em Santa
Catarina, prendendo ilegalmente Luiz Carlos Cancellier, então reitor da UFSC e
que se suicidou depois de uma humilhação pública com acusações de corrupção na
universidade. Em 2018, ela foi convidada por Sérgio Moro para integrar a equipe
dele no Ministério da Justiça. Depois da saída dele, acabou exonerada.
Nos diálogos,
os procuradores da Lava Jato revelam que Erika praticou uma falsificação.
Pensando atender a pedidos dos procuradores, Erika criou um falso termo de
depoimento, simulando ter ouvido a testemunha com escrivão e tudo, “quando não
ouviu nada”.
A constatação consta de diálogo mantido entre
os procuradores Deltan Dallagnol e Orlando Martello Júnior em janeiro de 2016.
Nele, eles relatam o que contou uma delegada da Polícia Federal chamada Erika.
"Como
expõe a Erika: ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento
como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada... Dá
no mínimo uma falsidade... DPFs são facilmente expostos a problemas
administrativos", disse Deltan.
Orlando
Martello Júnior mostra preocupação com a possibilidade de esses problemas
administrativos levarem ao descrédito da força-tarefa de Curitiba. Diz que “se
deixarmos barato, vai banalizar”.
Então propõe
uma saída: “combinar com ela de ela nos provocar diante das notícias do jornal
para reinquiri-lo ou algo parecido. Podemos conversar com ela e ver qual
estratégia ela prefere. Talvez até, diante da notícia, reinquiri-lo de tudo. Se
não fizermos algo, cairemos em descrédito”.
A sequência do
diálogo, segundo a defesa de Lula, mostra que o uso de depoimentos forjados era
algo reiterado pelo grupo de procuradores de Curitiba. O diálogo segue na
mensagem de Martello Júnior a Deltan Dallagnol.
“O mesmo
ocorreu com padilha e outros. Temos q chamar esse pessoal aqui e reinquiri-los.
Já disse, a culpa maior é nossa. Fomos displicentes!!! Todos nós, onde me
incluo. Era uma coisa óbvia q não vimos. Confiamos nos advs e nos
colaboradores. Erramos mesmo!”, diz.
A preocupação
é, também, com a eficiência das colaborações premiadas que a força-tarefa fez
uso. “Se os colaboradores virem uma reação imediata, vão recuar. O Moura quer
ficar bem com JD e demais, ao mesmo tempo em q se da de bobo e nada acontece
com ele. À prova, igualmente, fica prejudicada”, complementa Martello Júnior.
“Concordo, mas
se o colaborador e a defesa revelarem como foi o procedimento, a Erika pode
sair muito queimada nessa... pode dar falsidade contra ela... isso que me
preocupa”, responde Deltan.
As mensagens
entre procuradores foram apreendidas no curso da chamada operação
"spoofing".
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