Procuradores da Lava Jato: gang de
caçadores
Em mais um dos diálogos periciados pela
Polícia Federal na Operação Spoofing, de um aplicativo de conversas por celular
entre procuradores da extinta Operação Lava Jato, um dos participantes deixa
claro que as autoridades do Ministério Público Federal em Curitiba tinham um
grande objetivo principal: “pegar Lula”
Por Vinicius Segalla - 23 de fevereiro de 2021
O trabalho da força-tarefa ganha ares de caçada quando os procuradores
deixam de apurar crimes e passam a investigar não apenas uma pessoa, mas também
seu familiares, com o objetivo de prender aquele é considerado o inimigo a ser
batido.
No diálogo transcrito abaixo, a procuradora federal Anna Carolina
Rezende conversa com o chefe da operação, Deltan Dallagnol, e se mostra
receosa, no dia 23 de agosto de 2016, com a possibilidade de “não conseguir
pegar Lula” apenas com as investigações relacionadas a um sítio em Atibaia e um
triplex no Guarujá. Ela sugere, então, que a caçada passe a incluir os filhos
do ex-presidente:
23 AUG 16
• 18:32:44 o nosso maior risco hoje ainda é uma nulidade no STF, mais do
que uma opinião pública contrária
• 18:39:28 a OAS pilotou essa matéria, Deltan. Ela nunca quis colaborar
de vdd. Os anexos são muito ruins. Não condizem com a empresa. Não vamos pegar
Lula se nos limitarmos ao sítio e ao triplex. Precisamos buscar novas linhas,
os filhos podem ser o caminho.
Crédito: STF
Um pouco adiante na conversa, a procuradora federal Anna Carolina
Rezende passa a defender que os procuradores tomem lado nas disputas políticas
do país, em de uma estratégia para conquistar a opinião pública. Deltan
Dallagnol discorda, diz querer “bater em todos, com alguma estratégia”:
• 19:24:32 Carol PGR Deltan, p termos certeza a teremos a opinião
pública sempre conosco, precisamos assumir posição na briga política do país.
Sem isso, tenderemos a desagradar cada vez mais
• 19:25:06 Pq sem lado, num momento como o q vivemos, todos desconfiam
• 19:25:56 Deltan Acho que não Carol. Se batermos em todos, com alguma
estratégia, creio que mantemos. Aumentamos o número de inimigos fortes, mas
isso vai acontecer de qq modo.
Crédito: STF
Desde que o ministro do STF Ricardo Lewandowisk tornou públicos os autos
referentes à perícia da Polícia Federal nos diálogos apreendidos com um hacker
– entre procuradores e policiais da Lava Jato e, em muitos casos, com a
participação do ex-juiz Sergio Moro -, uma série de novas revelações sobre o
modo de agir da Lava Jato têm vindo à tona.
Em uma delas, por exemplo, os procuradores comemoram o fato de o ex-juiz
ter concedido mandados de busca e apreensão no processo do triplex antes mesmo
que a Lava Jato tenha pedido. Em outra, Moro e Dallagnol conversam sobre manter
um investigado preso por mais tempo para força-lo a assinar um acordo de
delação premiada.
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