Por Fernando Brito | 08/02/2021
Quando a inação e incompetência de um Governo chegam ao absurdo de
iniciar uma programa nacional de vacinação que deixa a cada município decidir
quando e com que critérios serão aplicados os imunizantes dos quais o país
precisa para mitigar os efeitos da Covid-19, é claro que o Judiciário pode e
deve exigir providências e até, na falta delas, determiná-las.
Foi o que acaba de fazer o ministro Ricardo Lewandowski ao mandar o
Governo Federal divulgar, no prazo de 5 dias, com base em critérios
técnico-científicos, a ordem de preferência entre os grupos prioritários,
especificando, com clareza, dentro dos respectivos grupos, a ordem de
precedência dos subgrupos nas distintas fases de imunização contra a Covid-19″.
Numa atitude demagógica, Bolsonaro incluiu diversas categorias
profissionais (caminhoneiros, militares, policiais, bombeiros, motoristas, e um
rol de diversas atividades) que somam uma quantidade de pessoas várias vezes
maior que as vacinas disponíveis, o que o ministro resume assim:
Como se vê, na 2ª edição [ do Plano Nacional de Imunização],
estabeleceu-se a população que será imunizada prioritariamente, sem, no
entanto, detalhar adequadamente, dentro daquele universo de cerca de setenta e
sete milhões de pessoas, qual a ordem de cada grupo de pessoas.
Como não se estabeleceu, diversos prefeitos fizeram o que lhes deu na
telha. Sei, pessoalmente, de casos de aposentados que não têm nenhuma atividade
mais na área de saúde que foram vacinados tanto quanto de um motorista de
ambulância que recolhe doentes para quem não houve vacina.
Além disso, multiplicaram-se os “primeiro, eu” que O Globo registrou na
reportagem “Ministério da Saúde já recebeu 45 pedidos para prioridade, de
produtores rurais a aeronautas“.
Após o pessoal da linha de frente dos hospitais – dos quais ninguém pode
prescindir – só há um critério justo: idade e comorbidades graves, que
comprovadamente aumentam o poder mortal do vírus. Fora daí, prioridade é
conseguir vacinas para todos, e rapidamente.
Porque, até agora, só o que temos – em quantidade significativa – são as
vacinas da China que Bolsonaro desdenhou e recusou o quanto pôde.
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