(Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF | REUTERS/Adriano Machado)
A arbitrária recusa de Bolsonaro em
decretar o "lockdown" nacional, comentou Celso de Mello,
"equivale a um repulsivo e horrendo grito necrófilo"
8 de abril de 2021
Do Conjur – O sucesso de Araraquara (SP), no combate à Covid 19, levou o
ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, a manifestar,
para amigos, seu pensamento a respeito da calamitosa omissão do governo
federal, em relação ao quadro caótico vivido pelo país.
Segundo o relato, o ministro citou a experiência de Araraquara como
"um exemplo notável para o Brasil e para o seu Presidente". E
continuou: "Araraquara, importante município paulista, seguiu as
recomendações sensatas e apoiadas em relevantíssima orientação fundada em
respeitável conhecimento científico emanadas da OMS (ONU), da Opas, dos EUA, da
Itália, da França, da Alemanha, do Reino Unido e de outros países governados
por políticos responsáveis que repudiam as insensatas (e destrutivas) teses
negacionistas".
"Hoje, em nosso País, o Presidente da República (que julga ser um
monarca absolutista ou um contraditório 'monarca presidencial") tornou-se
o Sumo Sacerdote de uma estranha religião que desconhece tanto o valor e a
primazia da vida quanto o seu dever ético de celebrá-la
incondicionalmente!"
A arbitrária recusa de Bolsonaro em decretar o "lockdown"
nacional (como ocorreu em países de inegável avanço civilizatório), comentou
Celso de Mello, "equivale a um repulsivo e horrendo 'grito necrófilo' (que
faz relembrar o conflito entre Miguel de Unamuno, reitor da Universidade de
Salamanca no início da Guerra Civil espanhola, em 1936, e o General Millán
Astray que, seguidor falangista fiel ao autocrata Francisco Franco, "Caudilho
de Espanha", lançou o grito terrível "¡Viva la Muerte; abajo la
inteligencia"!).
Ainda segundo o relato, o ex-decano do STF fuzilou "o gesto
insensato do Presidente, opondo-se ao 'lockdown' nacional, em clara
demonstração própria de quem não possui o atributo virtuoso do 'statesmanship'.
De outro lado, essa conduta negacionista torna imputável ao Chefe de Estado, em
face de seu inegável despreparo político e pessoal para o exercício das altas
funções em que investido, a nota constrangedora e negativa, reveladora daquela
'obtusidade córnea' de que falava Eça de Queirós, em 1880, no prefácio da 3ª
edição de sua obra 'O Crime do Padre Amaro', no contexto da célebre polêmica
que manteve com o nosso Machado de Assis".
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