‘Presidente Dilma Rousseff não quis o ex-presidente do Banco
Central Henrique Meirelles na Fazenda mas agora ele é sua melhor opção’, afirma
Tereza Cruvinel, colunista do 247; segundo ela, ‘é certo que o novo presidente
da Petrobras virá do mercado, e não do meio político ou de dentro do próprio
governo e conhecerá as condições e expectativas do mercado com vistas à
restauração da credibilidade da empresa’; jornalista lembra ainda que Dilma
"foi ao limite por Graça Foster" e até demitiu o então ministro
Moreira Franco que defendeu sua saída da estatal
4 DE FEVEREIRO DE 2015
por Tereza Cruvinel
Na reforma ministerial,
quando o presidente Lula defendeu enfaticamente a escolha de Henrique Meirelles
para o ministério da Fazenda, a presidente Dilma Rousseff ponderou que não
poderia nomear alguém que teria dificuldades para demitir. Lula assimilou o
argumento e deixou-a à vontade. Ela queria Trabuco, que declinou, e acabou
ficando com Joaquim Levy.
Agora Meirelles é o nome mais
cotado para presidir a Petrobrás. Ele continua sendo pouco “demissível” quanto
antes Dilma precisa de nome que possa mesmo comandar a empresa até o fim de seu
próprio mandato. A estabilidade da nova diretoria é uma das condições para a
recuperação de sua credibilidade.
Certo é, porém, que o novo
presidente virá do mercado, e não do meio político ou de dentro do próprio
governo e conhecerá as condições e expectativas do mercado com vistas à
restauração da credibilidade da empresa. Da opinião de um conjunto de analistas
do mercado pode-se concluir que eles esperam:
• A troca de todo o comando
da empresa (já acertada entre Dilma e Graça Foster na reunião que acertou a
troca no final do mês).
• A escolha de um presidente
que, além de capacidade gerencial, tenha liderança, carisma e jogo de cintura
para enfrentar as turbulências que ainda virão com a evolução da operação Lava
Jato.
• A composição de uma
diretoria que mais descolada do governo e indicada por critério técnico e não
político-partidário.
• Maior diálogo entre o
comando da empresa e os acionistas.
• Implementação de medidas
mais eficazes de controle interno. Graça chegou a criar e empossar a diretoria
de governança mas a iniciativa veio tarde e não surtiu os efeitos desejados
junto ao mercado.
Dilma foi ao limite por
Graça
Há um mês, quando concluiu a
reforma ministerial, a presidente Dilma demitiu um ministro que ousou defender
a substituição da diretoria da Petrobrás: Moreira Franco, então ministro da
Aviação Civil, já havia tido sua permanência no segundo mandato acertada com o
vice-presidente Michel Temer. A defesa de mudanças no comando da estatal,
entretanto, levou Dilma a pedir ao PMDB outra indicação, que acabou sendo a do
atual ministro Eliseu Padilha.
No momento da troca, o PMDB
evitou explicar as razões da saída de Moreira mas agora, com as relações entre
o partido e o Planalto agravadas pela eleição do presidente da Câmara, caciques
do partido já confirmam que ela foi determinada pela reação de Dilma à defesa
do que ele acabou sendo forçada a fazer agora: acerar a saída de Graça e de
toda a diretoria.
Este episódio revela o
quanto a presidente se empenhou para manter a amiga no cargo, contrariando
todos os conselheiros, inclusive o mais importante deles, o ex-presidente Lula.
Foi vencida pelas evidências de que a crise da empresa não seria superada sem
atender a duas exigências do mercado: a troca de todo o comando e o choque de
transparência e credibilidade, a ser aplicado pela nova diretoria.
Dilma semeou muitas mágoas
pela forma com que dispensou colaboradores, não se importando com o desgaste ou
a humilhação, especialmente na tal faxina do início do primeiro mandato. A
saída honrosa para Graça foi uma exceção no estilo.
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