Alex Solnik é
jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor,
Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais
"Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A
guerra do apagão" e "O domador de sonhos"
5 de Dezembro de
2018
Por Alex Solnik,
para o Jornalistas pela Democracia - A Medalha do Pacificador que o presidente
eleito Jair Bolsonaro recebeu, hoje, do Comandante do Exército foi criada em
1965 para premiar "militares do Exército que, em tempo de paz, no
exercício de suas funções ou no cumprimento de missões de caráter militar,
tenham se distinguido por suas atitudes, dedicação, abnegação e capacidade
profissional; militares do Exército que tenham contribuído para elevar o
prestígio do Exército brasileiro junto às Forças Armadas de nações amigas, bem
como para desenvolver, com elas, vínculos de amizade e cooperação; militares da
Marinha, da Aeronáutica e aos membros de Forças Auxiliares que, pelos serviços
prestados, se tenham tornado credores de homenagem especial do Exército;
militares e civis estrangeiros que tenham prestado assinalados serviços ao
Exército ou contribuído para a consolidação e o desenvolvimento das relações e
dos vínculos de amizade entre os Exércitos de seus países e o do Brasil;
cidadãos nacionais que hajam prestado relevantes serviços ao Exército; e
organizações militares e instituições civis, nacionais ou estrangeiras, que se
tenham tornado credoras de homenagem especial do Exército".
O pretexto
arranjado para Bolsonaro ser medalhado foi que ele teria salvo do afogamento um
colega de quartel, fato que jamais tinha sido mencionado em qualquer biografia
sua.
O que consta,
isso sim, são as suas insubordinações, que culminaram com uma ameaça de
explodir quarteis se os soldos não fossem aumentados, documentada em reportagem
da revista Veja.
O episódio, que
chegou ao Superior Tribunal Militar fulminou sua carreira no Exéro. Ele passou
para a reserva como capitão.
A premiação de
hoje significa que o Exército passou a borracha em seu passado pouco abonador,
agradece as nomeações de seus representantes no primeiro escalão e está de mãos
dadas com o futuro governo para o que der e vier.
Alguém poderá
questionar: se Bolsonaro jamais pacificou coisa alguma, se foi sempre mais
incendiário que bombeiro por que raios mereceria recebera essa honraria?
O fato é que o
nome da medalha nem sempre tem a ver com os escolhidos.
Durante a
ditadura militar, por exemplo, a medalha do Pacificador foi distribuída a
diversos militares e policiais encarregados da repressão, inclusive acusados de
tortura, como por exemplo: major Carlos Alberto Brilhante Ustra, major Paulo
Malhães, major Rubens Sampaio, major Freddie Perdigão Pereira, delegado Sérgio
Fleury, capitão Ailton Guimarães Jorge, tenente Ailton Joaquim, tenente Antônio
Fernando Hughes de Carvalho, sargento Paulo Roberto de Andrade, sargento Valter
da Silva Rangel, além de mais de uma dezena de militares que mataram civis a
sangue frio na guerrilha do Araguaia.
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