5 de dezembro
de 2018
Sergio Moro
notabilizou-se na Lava Jato pelo rigor com que aplicou a legislação penal.
Tornou-se o terror do mundo da política. Nunca o foro privilegiado do Supremo
foi tão cobiçado. Sem foro, é Moro, sussurrava-se pelos corredores do
Congresso. Num manifesto de janeiro de 2016, a fina flor da advocacia
brasileira chegou a tachar a operação nascida em Curitiba de “uma espécie de
inquisição”. Hoje, operando do outro lado do balcão, Moro aventura-se como
defensor de político sob suspeição. Levou sua boa fama ao fogo pelo colega Onyx
Lorenzoni, futuro chefe da Casa Civil.
Onyx é
personagem de dois enredos de caixa dois da JBS. Num, confessou te recebido por
baixo da mesa R$ 100 mil em 2014. Pediu desculpas. Noutro, levado às manchetes
mais recentemente, nega o recebimento de mais R$ 100 mil em 2012. Munida de
delações de executivos do grupo empresarial, a procuradora-geral da República
Raquel Dodge pediu no Supremo autorização para investigar a suspeita num
procedimento pré-inquérito. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato,
autorizou.
Instado a
comentar a novidade, Moro disse que Onyx dispõe da sua “confiança pessoal”. Eis
a declaração do ex-inquisidor: “O que eu tenho, a presente, do ministro Onyx, e
isso eu assisti de perto, foi o grande esforço que ele realizou para aprovar as
dez medidas (anticorrupção) do Ministério Público, ocasião na qual ele foi
abandonado pela grande maioria dos seus pares, por razões que não vêm aqui ao
caso.”
Moro
acrescentou que Onyx, ex-relator do pacote das dez medidas na Câmara,
“demonstrou naquela oportunidade o comprometimento pessoal, com custo político
significativo, para a causa anticorrupção. Então, ele tem a minha confiança
pessoal.”
Há 20 dias,
quando ainda não havia a autorização de Fachin para que a Procuradoria
investigasse Onyx, Jair Bolsonaro foi inquirido sobre o tema. “O Onyx é a
pessoa mais adequada para responder à pergunta de vocês”, disse o capitão aos
repórteres. “Ele é a pessoa mais adequada. Pelo que sei, ele não é réu em
nada.”
Perguntou-se a
Bolsonaro se mantinha a confiança integral no futuro ministro. E ele: “Cem por
cento, ninguém; 100% só confio no meu pai e na minha mãe.”
Pode-se dizer,
portanto, que Sergio Moro é mais realista do que o próprio rei na avaliação que
faz sobre a idoneidade de Onyx. Como juiz, Moro era acusado de atropelar o
princípio da presunção da inocência. Como ministro da Justiça, emite veredictos
absolutórios antes mesmo da investigação.
Pelas mesmas
razões invocadas no caso de Onyx, Fachin autorizou a abertura de apurações
autônomas em relação a outros nove congressistas, sobre os quais Moro ainda não
proferiu nenhum pronunciamento. São eles: os senadores Renan Calheiros
(MDB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo Braga (MDB-AM) e Wellington Fagundes
(PR-MT); além dos deputados Alceu Moreira (MDB-RS), Marcelo Castro (MDB-PI),
Jerônimo Goergen (PP-RS), Paulo Teixeira (PT-SP) e Zé Silva (SD-MG).
Do UOL
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