Ricardo Melo é
jornalista, presidiu a EBC e integra o Jornalistas pela Democracia
15 de Janeiro de
2019
Por Ricardo
Melo, do Jornalistas pela Democracia
O ministro da
Justiça Sérgio Moro é o típico personagem deste governo que espanta o país e o
mundo. Quando juiz de Curitiba, posou de valentão e vestiu a fantasia de
Torquemada. Um artigo de jornal, um pedalinho e um roupão com iniciais eram
suficientes para incriminar o ex-presidente Lula. Em nome de indícios tão
"robustos", humilhou o maior líder popular da história do país.
Terminou por confinar Lula a uma solitária com base num processo fraudulento,
enquanto combinava sua indicação para o gabinete de Jair Bolsonaro. Cometeu uma
sucessão de crimes funcionais deliberadamente abafados pela corporação
judiciária.
Moro agora está
nu. Suas pretensas convicções de limpar o país, como se vê nos dias atuais, não
passavam de parolagem para integrar o esquema destinado a destruir a oposição,
o PT em particular.
Michel Temer,
Moreira Franco, Eliseu Padilha, para não falar de outros, hoje são cidadãos
comuns. Perderam o foro privilegiado que os mantinha a salvo da avalanche de
processos de que são alvos. A somar as roubalheiras de que são acusados, a
quantia supera em muito os supostos valores de que Lula é acusado, sem provas,
de se beneficiar. Deveriam estar respondendo à Justiça a partir de primeiro de
janeiro. Mas estão aí, livres, leves e soltos.
O caso do
laranja Fabrício Queiróz é ainda mais escabroso. As evidências de que o cidadão
manipulava verbas do povo em favor da famiglia Bolsonaro são claras como a luz
solar. Após o vídeo em que o "brother" do clã contracena saltitante
com uma haste de soro, embora alegue enfermidades para não depor, a situação
dispensa maiores comentários. A título de comparação: quem não se lembra, por
exemplo, de que o ex-ministro Guido Mantega foi preso no mesmo hospital Albert
Einstein num momento em que sua mulher passava por uma cirurgia de risco?
Precisa desenhar?
Do ministério
atual nem é preciso se estender. O chefe do meio ambiente é acusado de
intermediário em transações irregulares de licenças ambientais. A ministra
veneno, da Agricultura, está encrencada com negociatas com a JBS. E o
Lorenzoni? Acusado de caixa-dois, foi perdoado por Moro porque
"reconheceu" o erro. A sentença mais rápida do oeste. Mas aí apareceu
outra denúncia contra o mesmo Lorenzoni. O ministro da Justiça deve achar que
"não vem ao caso", como dizia diante dos argumentos da defesa do
ex-presidente Lula.
Sérgio Moro
desmoraliza-se ainda mais rápido do que quando foi ungido a
"faxineiro" de improbidades. Em dobradinha com a procuradora Raquel
Dodge e o STF, constitui a turma do abafa o caso. Quando interpelado, ou foge
dos jornalistas ou muda de assunto: manda meia dúzia de soldados para o Ceará e
não consegue conter o ataque de facções do crime organizado.
Demite
funcionários que não podia e que continuam trabalhando pouco se lixando para seus
decretos. Passa um vexame internacional no caso Cesare Battisti. Só lhe resta
encarregar a mulher de postar twitters para defender as prevaricações do
marido.
Quando o próprio
ministro da Justiça é o primeiro a encobrir as aberrações e roubalheiras à sua
volta, é impossível esperar qualquer coisa de positiva neste governo. Como,
aliás, era de se prever. É daí para pior.
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