Em 2014, o número de estudantes da rede pública, com deficiência psicomotora, atendidos por núcleo de apoio era de 125 e passou a 899 em 2019
10 Março 2020
O município de
São Gonçalo do Amarante (a 55 km de Fortaleza) registrou um crescimento de 619%
no atendimento especializado a estudantes da rede pública de ensino com algum
tipo de deficiência psicomotora, entre os anos de 2013 e 2018.
O resultado
foi apresentado em balanço do Núcleo de Apoio à Educação Inclusiva (Naedi),
ligado à Secretaria Municipal de Educação (SME). No início de 2014, o núcleo
atendia 125 alunos da rede municipal de ensino, tendo passado a 899 em
2019.
Uma dessas
crianças é o Luís Eduardo, de 6 anos. O menino foi diagnosticado autista há
pouco mais de um ano em uma consulta com uma psicóloga do Naedi. A mãe dele,
Fabiana Sousa de Oliveira, é baiana e o pai é gonçalense. Fabiana conta que no
início ficou relutante em mudar para o Ceará com o filho, mas após o pai
matriculá-lo em uma atividade no núcleo durante as férias escolares, ela se
convenceu de que o Luís Eduardo poderia ter um acompanhamento melhor e um
desenvolvimento mais acentuado no Ceará.
“A partir da
conversa com a psicóloga Márcia que eu percebi o meu papel de mãe na vida dos
meus filhos e como ele poderia ser ajudado aqui. A equipe do Naedi toda, aliás,
trabalha não apenas por profissionalismo, mas por amor”, define Fabiana. Depois
de ter mudado para São Gonçalo do Amarante, ela e o pai de Luís Eduardo
seguiram apoiando o acompanhamento do filho pelo núcleo.
“Eu já havia
levado ele a psiquiatras particulares na Bahia e em Recife, mas foi aqui que eu
vi resultado. Hoje, ele brinca e conversa com os coleguinhas de escola,
melhorou a interação dele com tudo. Antes, ele não mexia com massa de modelar,
por exemplo, e agora ele faz isso e muitas outras coisas que não conseguia.
Mudou 100%. A equipe aqui é nota mil”, disse.
Além do
acompanhamento educacional, o Naedi encaminhou 52 crianças e adolescentes para
avaliação diagnóstica psiquiátrica, 32 para postos de saúde ou policlínicas, 18
para o Conselho Tutelar e 10 para o Centro de Referência Especializado em
Assistência Social (Creas), de acordo com as realidades específicas vividas por
esses estudantes.
Para a
coordenadora do núcleo, Celsa Alves Teixeira, a expansão no atendimento tanto
em termos numéricos quanto em termos de ações concretas para a melhoria da
qualidade de vida desses alunos é fruto da melhoria na estrutura física e
administrativa do Naedi e da realização de parcerias com outras instituições.
“Quando foi
criado em 2008, a equipe de atendimento era restrita a duas profissionais,
tendo passado atualmente a 11: uma coordenadora, três psicopedagogas, dois
psicólogos, duas terapeutas ocupacionais, uma fonoaudióloga, uma psicomotrista
e um psiquiatra”, enumerou a coordenadora.
Projetos
O Naedi tem
atuado também por meio de projetos que tratam de questões mais específicas,
tais como a inclusão profissional, a prevenção ao abuso sexual e à
automutilação, bem como facilitar o diagnóstico de autismo, por exemplo. É o
caso do projeto “O Que Vou Fazer Quando Crescer” direcionado, principalmente
para alunos do 8º e do 9º ano do ensino fundamental.
“A iniciativa
visa preparar o aluno para que ele saia melhor preparado desse contexto
educacional para o ensino médio. Alguns deles se veem com poucas perspectivas
de futuro e é também aí que os cuidadores entram em cena para, por meio do
diálogo com os educandos, abrir mentes para enxergar os horizontes que a vida
pode proporcionar”, esclarece Celsa.
Aprendizagem
facilitada
Para a
secretária municipal de Educação Marineide Clementino, “o trabalho do Naedi,
garante a formação do aluno na própria escola, transforma a vida de alunos com
algum tipo de deficiência cognitiva ou sensorial, trazendo melhorias na
socialização dessas crianças e adolescentes com familiares, colegas e
professores e com a comunidade em geral".
Ela acrescenta
que “todas as crianças são capazes de aprender, mas esse é um processo que
precisa ser acompanhado individualmente e o Naedi é um instrumento adicional
que a prefeitura proporciona para aquelas que têm necessidades especiais
aprendam sempre mais”.
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