Por Fernando
Brito - 4 de março de 2020
O cenário da
economia é desolador.
O PIB terminou
2019 mal (0,5% de crescimento do 4° trimestre), acabando com o carryover – o
impacto estatístico que um resultado expressivo leva impulso ao período
seguinte – e a economista do IBGE que acompanha o PIB adverte, na Reuters, que
o impacto do coronavírus vai impactar a produção brasileira já neste primeiro
trimestre (e, certamente, mais ainda no segundo).
O dólar segue
subindo degraus todo santo dia e está sendo negociado entre R$ 4,55 e R$ 4,56,
hoje. Euro a R$ 5,07. Bovespa sem fôlego sequer para acompanhar a pequena
festinha de Nova York, com a vitória de Joe Biden nas primárias democratas de
ontem.
Mas a “musa da
retomada” , Miriam Leitão, ocupava, até há pouco a manchete de O Globo dizendo
que “De novo, um ‘pibinho’, mas 2019 teve alguns destaques positivos“. Claro,
ela não desconhece que tudo está turvo daqui para a frente, mas é duro ver como
o “otimismo ideológico” consegue cegar pessoas que têm toda a condição de
entender que crescimentos pífios são o mesmo que estagnação.
A fuga de
capitais se dá num ritmo assustador e fevereiro fechou com saída de R$ 21
bilhões da Bovespa, o que, somado ao déficit de janeiro, supera os R$ 40
bilhões desde o início do ano.
O cenário na
Europa é triste, não só pelo lado humano – a mortes passaram de 100 na Itália –
mas pelo econômico. A Lufthansa, gigante alemã da aviação, imobilizou nada
menos que um quinto de sua frota de 750 aviões. 150 aeronaves permanecerão fora
de uso, por falta de voos e de passageiros. Os italianos, tardiamente,
resolveram fechar escolas, museus e cinemas.
Bem, talvez eu
esteja sendo severo demais. Do jeito em que as coisas se encaminham, é possível
que, sim, daqui a alguns meses a gente olhe para o fiasco de 2019 e, como
Miriam, possa ver “destaques positivos” no “pibinho” do ano um de Bolsonaro.
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