Moro, o supremo (Foto: Pedro de Oliveira/ ALEP)
"O ex-juiz acha que pode tudo. Um debochado poderia dizer
que Sergio Moro acha que o Paraguai é o Brasil", diz o colunista Moisés
Mendes, ao comentar a pressão de Sergio Moro para libertar Ronaldinho Gaúcho
10 de março de
2020
Jornalista em
Porto Alegre
X-X-X
Sergio Moro, o simplório,
não pode mais conversar com o ministro do Interior do Paraguai. Tudo ou quase
tudo que eles conversam por telefone e por mensagens é revelado à imprensa por
Euclides Acevedo.
O ministro já
informou que Moro liga várias vezes ao dia para seu gabinete para saber de
Ronaldinho Gaúcho. Que Moro pergunta se uma fiança resolveria a questão. Se os
irmãos Assis estão sendo bem tratados. Se há previsão de libertação.
Acevedo divulgou
nos jornais uma confidência comprometedora para o ex-juiz. Disse que Moro
demonstrou nessas conversas sua inconformidade
com a decisão do Paraguai de prender o jogador.
Acevedo dá
entrevistas para jornais, rádios e TVs, porque, se titubear, poderá se enredar
no redemoinho de suspeitas em torno do caso.
Seu assessor
jurídico e homem de confiança, o ex-chanceler Rubén Melgarejo Lanzoni, pediu
demissão porque seu escritório de advocacia estaria tratando do caso.
Acevedo não pode
cometer movimentos em falso e guardar segredo das conversas com Moro. Um promotor
também foi afastado das investigações e há suspeitas de que setores da polícia
podem ter agido para facilitar a saída de Ronaldinho do país.
Segundo o jornal
ABC Color, há ainda contra o próprio Acevedo a acusação de que ele já sabia,
muito antes da batida dos policiais no hotel, que Ronaldinho e Assis tinham
passaportes paraguaios.
A participação
de Moro não está encerrada com as ligações diárias, feitas “muitas vezes”,
segundo Acevedo, para - pelo que o ministro paraguaio sugere - manter as
autoridades do país sob pressão.
A missão de
defender o jogador pode se aprofundar, porque o ex-juiz estará em Assunção em
missão oficial, para intercâmbios na área penitenciária, nos dias 26 e 27.
Poderá, se quiser, visitar o embaixador do turismo do Brasil na cadeia e dizer
que acompanha seu caso, o que seria apenas mais um vexame do ex-chefe da
Lava-Jato.
Um ministro da
Justiça não precisa, como denunciou Acevedo com alguma sutileza, ficar
telefonando e enviando mensagens para autoridades de outro país para saber o
que se passa com um jogador de futebol encarcerado sob suspeita de lavagem de
dinheiro.
O titulo de
embaixador de Ronaldinho é menos do que honorífico, é apenas um adereço
bolsonarista sem valor nenhum.
Moro expõe uma
interferência estranha num caso de repercussão internacional. O Paraguai faz
questão de usar o episódio a seu favor, mostrando ao mundo que, ao contrário do
estigma que carrega, não quer mais compactuar com grupos mafiosos.
É a chance de
fazer marketing. Mas o ex-juiz acha que pode tudo. Um debochado poderia dizer
que Sergio Moro acha que o Paraguai é o Brasil.
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