Para Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia, "o
imponderável pode fazer com que a semana que vem não seja dos Bolsonaros, mas
de Paulo Guedes", cuja "aparência nunca foi tão depressiva".
"A estranha morte de Gustavo Bebianno já fechou a quota de Bolsonaro pelos
próximos dias", diz ele
14 de março de
2020
Jornalista em
Porto Alegre
X-X-X
Por Moisés
Mendes, para o Jornalistas pela Democracia - É impossível prever, mesmo como
brincadeira de bêbados, o que o mundo dos Bolsonaros – o pai, os filhos, os
milicianos, os amigos e os ex-amigos – pode produzir de esdrúxulo ou assombroso
nos próximos dias.
O
imponderável, no mundo dos Bolsonaros, não é apenas imponderável. Morrem mais
ex-aliados no mundo dos Bolsonaros do que portadores do coronavírus em todo o
Brasil.
Os Bolsonaros
são hospedeiros da desesperança e da morte. Esta semana, conseguiram a façanha
da suspeita de que teriam contaminado Trump. A comitiva dos Bolsonaros saiu na
capa do New York Times como uma ameaça contagiosa ao homem mais poderoso do
mundo.
E ainda foram
acusados de transmitir notícia falsa a uma emissora da direita. Um Bolsonaro é
capaz de ser entrevistado por uma emissora de TV americana para dizer que não
disse o que a emissora garante que ele disse horas antes. E a emissora
sacaneada por Eduardo Bolsonaro é a poderosa Fox, amiga deles.
No Brasil, o
imponderável nos apresenta Bolsonaro num dia desqualificando o coronavírus, e
no outro dia seu secretário de Comunicação adoece. E no dia seguinte o próprio
Bolsonaro aparece com máscara por causa de um possível contágio pelo
coronavírus.
De Miami, o
prefeito da cidade manda dizer que foi contaminado pela peste depois de
encontro com a comitiva de Bolsonaro que esteve na Flórida. Os Bolsonaros já
estão consagrados como espalhadores de doença.
Mas Bolsonaro
já não é visto como presidente. Nem pelos que votaram nele. Os que o apoiam
sabem que continua cumprindo a missão de ser o antiPT, o anticomunista,
antigay, mas não comanda nem lidera nada. O mercado financeiro também sabe.
Bolsonaro
virou um traste do fascismo sob a proteção de um grupo de militares. Ninguém
quer saber o que Bolsonaro pensa do desastre da economia, da queima de
reservas, da explosão do dólar, do desemprego e do fato de que Rodrigo Maia é
que governa.
Racionalmente,
não importa o que Bolsonaro pensa de qualquer assunto, muito menos do
coronavírus. O que interessa é ver sua performance, como curiosidade, e tirar
algum proveito do grotesco do fato produzido.
Mas o
imponderável pode fazer com que a semana que vem não seja dos Bolsonaros, mas
de Paulo Guedes. A estranha morte de Gustavo Bebianno já fechou a quota de
Bolsonaro pelos próximos dias.
Pode ser a vez
de Guedes. Nunca, desde que assumiu, a aparência de Guedes foi tão depressiva.
Guedes já não tem mais do que dizer, porque já pediu o AI-5, já falou mal das
domésticas e já comemorou o aumento do PIB de 1,1%. Agora, diz que o Brasil tem
“dinâmica econômica”.
Se alguém
ligar a TV neste momento, Guedes estará repetindo que o Brasil tem dinâmica
econômica. Que a prosperidade muitas vezes é impalpável.
Poderá ser
dele o próximo imponderável. Não será mais, por um bom tempo, de Damares, de
Araújo ou de Weintraub. Há muito tempo não é de Carluxo, com seu repertório
infantil e manjado.
Se o
imponderável do mundo dos Bolsonaros matou Gustavo Bebianno na mesma data do
assassinato de Marielle, o que o pode estar preparando para mostrar ainda antes
da Páscoa? É a vez de Paulo Guedes.
Brasil 247
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