
(Foto: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES)
"O resultado do encontro com Bolsonaro não foi nada bom. Os
empresários não gostaram da visita surpresa ao STF, se sentiram usados. E os
ministros do Supremo ficaram indignados em servirem de coadjuvantes de uma cena
pastelão", escreve o jornalista Florestan Fernandes Jr.
8 de maio de
2020
Florestan
Fernandes Júnior é jornalista, escritor e integrante do Jornalistas pela
Democracia
x-x-x
O amadorismo
do governo Bolsonaro atravessou a Praça dos Três Poderes e entrou, sem ser
convidado, no Palácio do Supremo Tribunal Federal. Acompanhavam o
excelentíssimo presidente da República, seu ministro da economia e uma dezena
de empresários.
Educadamente,
o presidente do Supremo, ministro Dias Tofoli, abriu uma brecha em sua agenda
para ouvir do porta-voz do grupo, Paulo Guedes, a demanda do vizinho ilustre.
Ele queria “apenas” uma mãozinha do STF para suspender a vigência do isolamento
social nos estados e municípios. Segundo Guedes, a saúde das empresas é muito
grave e várias estariam na UTI, bem perto da extrema-unção. Na visão do
ministro ultraliberal, o momento é de oxigenar o capital, mesmo que, para isso,
falte ar para milhares de brasileiros que padecem com o coronavírus.
Constrangido,
Tofoli explicou para os inadequados vizinhos que essa não era incumbência do
STF. E aconselhou aos visitantes
negociarem com os governadores e prefeitos uma agenda para a retomada das
atividades econômicas.
O voluntarismo
de Bolsonaro deve ter causado arrepios no pessoal do dinheiro. Ficou
escancarado que o planejamento não faz parte do dia-a-dia dos inquilinos do
Planalto. Na falta de um projeto de retomada econômica, de um norte para o
país, Bolsonaro fez o que melhor sabe fazer, uma cena simbólica para passar a
ideia de que está empenhado em defender empresários e trabalhadores. Como? Não
perguntem a ele, porque a resposta pode ser um: “Cale a Boca”.
O resultado do
encontro com Bolsonaro não foi nada bom. Os empresários não gostaram da visita
surpresa ao STF, se sentiram usados. E os ministros do Supremo ficaram
indignados em servirem de coadjuvantes de uma cena pastelão.
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