(Foto: Reprodução | Divulgação)
"O JN
noticiou, apenas, que a Lava Jato fechou o acordo de delação pelo qual Messer
abriu mão de R$ 1 bilhão dos seus bens no Brasil e no Paraguai; mas escondeu a
parte da delação em que o 'doleiro dos doleiros' delatou o procurador da Lava
Jato", relata o colunista Jeferson Miola
14 de agosto
de 2020
Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
.....
O Jornal
Nacional de 13 de agosto não noticiou que o “doleiro dos doleiros” Dario Messer
delatou pagamento de propina ao procurador da Lava Jato Januário Paludo para
“lhe proteger das investigações” na PF e no MPF do Paraná, conforme noticiou a
CNN Brasil.
Segundo
reportagem da CNN, “o MPF do Rio afirmou não ter competência para tratar do
assunto e encaminhou o anexo à Procuradoria-Geral da República em Brasília, que
[incrivelmente] arquivou a investigação”. Nada mal!
O JN noticiou,
apenas, que a Lava Jato fechou o acordo de delação pelo qual Messer abriu mão
de R$ 1 bilhão dos seus bens no Brasil e no Paraguai; mas escondeu a parte da
delação em que o “doleiro dos doleiros” delatou o procurador da Lava Jato.
Januário
Paludo é um subprocurador da República reverenciado pela República de Curitiba
e que inspirou o nome de um dos grupos do Deltan Dallagnol no Telegram, o
“filhos de Januário”.
Quando do
adoecimento e morte da Dona Marisa Letícia Lula da Silva, este procurador fez
comentários deploráveis, revelados pela Vaza Jato do Intercept: “Estão
eliminando as testemunhas… A propósito, sempre tive uma pulga atrás da orelha
com esse aneurisma. Não me cheirou bem”.
Em 3 de
fevereiro/2011, Januário – que entre 2003 e 2005 participou das investigações
sobre o envolvimento de Messer no esquema das contas CC-5 do Banestado –
testemunhou a favor do doleiro na ação penal sobre aquele escândalo de
corrupção.
Apesar de
Messer ser o principal chefe do esquema e ter seu nome mencionado 276 vezes no
processo, Januário declarou: “Até a parte onde eu fui, não identificamos, em
princípio, nenhuma ligação da família Messer” [sic].
Se fosse
aplicado o mesmo critério que Moro, Deltan Dallagnol e o bando da Lava Jato
usaram para perseguir e prender Lula, Januário teria a reputação destruída pela
Rede Globo, seria alvo de uma condução coercitiva espetacular, transmitida ao
vivo; e, a essas alturas, estaria preventivamente preso.
Mas, ao
contrário da Lava Jato, que promoveu a maior de todas as corrupções do Brasil –
a corrupção do sistema de justiça e do Estado de Direito para viabilizar o
projeto de poder da extrema-direita –, a este procurador da Lava Jato deve ser
assegurado o devido processo legal, para que comprove sua inocência.
O que é
inadmissível, entretanto, é o arquivamento sumário da denúncia de pagamento de
propina a Januário, como se o ato de corrupção não tivesse ocorrido; assim como
é inconcebível o sumiço desta notícia do noticiário da Globo, como se fosse um
não-acontecimento – como, aliás, a Globo fez em relação às revelações
escabrosas da Vaza Jato, que simplesmente não frequentaram o noticiário do
império lavajatista de comunicação.
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