(Foto: EBC
| Fotosneworg)
O banqueiro Luiz Cezar Fernandes, que foi um dos fundadores do
banco Pactual, assim como Paulo Guedes, distribuiu artigo entre seus clientes
nesta segunda-feira, em que prevê a renegociação da dívida brasileira;
descalabro econômico fez o dólar disparar nesta segunda-feira
28 de setembro
de 2020
Em artigo
divulgado nesta segunda-feria (28), o banqueiro Luiz Cezar Fernandes, um dos
fundadores do banco BTG Pactual, alerta que o Brasil poderá decretar um calote
em sua dívida pública.
Fernandes diz
que a dívida pública interna atingirá 100% do Produto Interno Bruto do País já
na posse do próximo governo. "A situação será insustentável, gerando uma
completa ingovernabilidade", alerta.
"Para
evitarem uma corrida bancária, as grandes instituições bancárias terão,
obrigatoriamente, que impedir seus clientes de efetuarem os saques de suas
poupanças à vista ou a prazo. Caso contrário, teremos uma situação ainda mais
grave que a vivida hoje pela Venezuela", acrescenta o banqueiro, ao defender
o aprofundamento de medidas neoliberais para evitar o calote.
A cautela de
agentes do mercado com o descalabro fiscal do país fez o Ibovespa ampliar queda
nesta segunda-feira (28), retornando ao nível de 95 mil pontos. Às 14:14, o
Ibovespa caía 1,75%, a 95.304 pontos. O volume financeiro era de 14,82 bilhões
de reais. Enquanto isso, o dólar comercial sobe 1,42% a R$ 5,632 na compra e a
R$ 5,633 na venda. O dólar futuro com vencimento em outubro registrava ganhos
de 1,57%, a R$ 5,652.
Leia, abaixo, o
artigo na íntegra:
Aperte o bolso: o calote vem aí
Por Luiz Cezar
Fernandes
O próximo
governo se sentirá seduzido, inevitavelmentel, por um calote na dívida pública
O crescimento da
dívida pública interna atingirá 100% do Produto Interno Bruto – PIB do Brasil,
já na posse do próximo governo. A situação será insustentável, gerando uma
completa ingovernabilidade.
Os bancos, hoje
cartelizados em 5 grandes organizações, têm diminuído assustadoramente os
empréstimos ao setor privado e vêm aumentando, em proporção inversa, a
aplicação em títulos da dívida pública.
Os países que
recentemente entraram em default, como a Grécia, não causaram grandes impactos
internos, pois sua dívida era sobretudo externa e em grande parte pulverizada,
inclusive em bancos centrais, fundos mútuos e de pensão.
O caso do Brasil
é essencialmente diverso. Um default nossa dívida interna implicará na falência
do sistema, atingindo de grandes bancos a pessoas físicas, passando por family
offices e afins. Para evitarem uma corrida bancária, as grandes instituições
bancárias terão, obrigatoriamente, que impedir seus clientes de efetuarem os
saques de suas poupanças à vista ou a prazo. Caso contrário, teremos uma
situação ainda mais grave que a vivida hoje pela Venezuela.
A sociedade brasileira
ainda acha que o governo nunca deu e nunca dará um calote, mas a memória é
curta. Na década de 80, o default foi disfarçado, pois títulos como os da
Eletrobrás, do Instituto do Açúcar e Álcool – IAA e da Superintendência
Nacional de Marinha Mercante - Sunamam, entre outros, restaram insolventes,
criando as famosas ‘moedas podres’.
Ainda, o Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, que deveria ser uma proteção ao
trabalhador quando demitido, vem sendo sistematicamente confiscado ao dos
últimos anos, sem qualquer contestação dos sindicatos. Sua remuneração equivale
hoje a metade da taxa da caderneta de poupança, implicando, na prática, um
confisco de mais de 50% de seu patrimônio nos últimos 15 anos. Mais
recentemente ainda foi criado mais um confisco de 10% pelo Tesouro Nacional,
aumentando para 50% o valor a ser recolhido em caso de demissões sem justa
causa.
Existem também
outros confiscos que nem são percebidos. Um exemplo é o “CIDE”, que foi criado
para a manutenção da malha viária, mas que não teve nenhum centavo de seus
recursos aplicado nos seus propósitos originários. O Imposto Sobre Operações
Financeiras - IOF - é outra aberração, que impediu o crescimento do mercado de
dívidas privadas e tem auxiliado na altíssima concentração no setor bancário
das dívidas privadas, que já superam o limite de 92% de todo o crédito no Brasil.
Alheio às
medidas governamentais, o mercado das “factorings”, hoje travestidas de Fundos
de Direitos Creditórios - FIDCS , ocuparam a parte remanescente desse mercado.
Agora, com o IOF, o Governo ataca mais uma vez o rendimento destes fundos,
dificultando ainda mais o crescimento do mercado de crédito.
Não há mais o
que se tributar e o que se confiscar. Só restará o CALOTE ou a adoção das
reformas – fiscal, previdenciária, etc. – já.
0 comments:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor