(Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino | REUTERS/Ricardo Moraes)
A Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu
aprovou moção que pede para a União Europeia impor mais exigências de proteção
ao meio ambiente em suas importações – e o alvo é o Brasil de Bolsonaro e
Mourão
12 de setembro
de 2020
Sputnik – Uma
moção do Parlamento Europeu pedindo que a União Europeia seja mais rigorosa em
questões ambientais em suas importações tem o Brasil como "alvo preferencial",
disse especialista à Sputnik Brasil.
Na quarta-feira
(9), a Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu aprovou moção
que pede para a União Europeia impor mais exigências de proteção ao meio
ambiente em suas importações e na hora de fechar acordos comerciais.
A comissão
recomenda "que todos os novos acordos comerciais ou de investimento e as
atualizações dos já existentes incluam disposições ambientais e climáticas mais
ambiciosas em relação à conservação e à gestão sustentável das florestas,
incluindo proteção dos povos indígenas e direitos das comunidades locais".
Além disso, a
moção diz que a União Europeia (UE) é um importador significativo de
"commodities com risco ambiental e florestal", por isso deve garantir
que sua demanda e investimentos sigam política de economia responsável,
"sem estimular desmatamento nem violações dos direitos humanos".
'Forte efeito
político'
Para Leonardo
Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM/SP (Escola Superior de
Propaganda e Marketing de São Paulo), apesar de a moção ser apenas uma
recomendação, sem efeitos de lei, ela pode causar prejuízos econômicos e
políticos para o Brasil.
"Infelizmente,
tudo indica que o Brasil é o alvo preferencial dessa recomendação, que não é
uma ação concreta e decisiva do Parlamento, mas tem um forte efeito político,
por incluir um pedido para que a questão dos acordos comerciais contenha uma auditoria
de sustentabilidade", afirmou o especialista em história das relações
internacionais e em geoeconomia internacional.
Em razão disso,
a moção pode ser mais um fator complicador para a concretização do acordo
comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Diante dos altos índices de
desmatamento e queimadas na Amazônia, alguns países da Europa sinalizaram que
podem não ratificar o acordo.
"Não é
possível esquecer que no dia 21 de agosto, [Angela] Merkel foi muito clara em
avisar que tinha sérias dúvidas de que o acordo poderia ser efetivamente
promulgado como planejado, logo depois que o mundo ficou sabendo que os
incêndios florestais no Brasil em junho eram 28% maiores na comparação com
julho de 2019", ponderou o especialista.
Atenção da
centro-direita às questões ambientais
Segundo
Trevisan, líderes europeus de centro-direita, como a chanceler da Alemanha e o
presidente francês, Emmanuel Macron, estão bastante atentos às pautas dos
parlamentares verdes no continente.
"Essa moção
é produto de uma espécie de atenção especial da centro-direita europeia às
questões ambientais. A centro-direita só consegue ter o controle do Parlamento
Europeu porque tem o apoio dos verdes, como as últimas eleições provaram. Os
verdes são 16% do Parlamento", explicou.
Além disso, ele
diz que a medida poderia até mesmo, por seu "efeito simbólico",
afetar as exportações de produtos agrícolas.
"Não há
dúvida alguma de que essa moção, com todo seu efeito simbólico, pode afetar sim
as nossas exportações, agrícolas principalmente. O alerta é forte para o
Brasil, porque de algum modo a Europa está bastante preocupada em qual será o
perfil de crescimento dela na pós-pandemia", afirmou o professor.
Brasil deve
prestar atenção à Europa
Segundo o
especialista, o governo brasileiro deve prestar muita atenção à questão
ambiental e à União Europeia, que se tornou o segundo maior parceiro comercial
do Brasil, com forte queda das vendas, em razão da pandemia do coronavírus,
para os Estados Unidos, "apesar de todas as aproximações de nossa política
externa" a Washington.
“Não há dúvida
alguma, que se nós não quisermos ficar muito dependentes do mercado chinês, da
demanda chinesa, com todo o preço político que isso vai implicar para o Brasil,
nós temos que prestar atenção também aos movimentos do nosso segundo parceiro
comercial", avaliou Trevisan.
Beasil 247
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