Por Fernando Brito | 11/10/2020
A defesa feita hoje pela Ministra da Agricultura,
Teresa Cristina, de que é a “queda” no tamanho dos rebanhos bovinos na região
do Pantanal uma das responsáveis pelo recorde de incêndios naquele bioma, pois
bois e vacas estariam deixando de “podar” o capim e, assim, facilitando a
ignição da palha seca é mais uma das bobagens criadas pelo bolsonarismo, sem
qualquer base científica, para procurar justificar a predação ambiental em nome
da atividade econômica.
Não existe em lugar algum no mundo, salvo na cabeça
de um técnico da Embrapa, que resolveu criar esta tese pró-ruralistas, nada que
sustente esta visão. Até os materiais do Ministério da Agricultura que tratam
de recuperação de matas e pastagens nativas apontam como um dos principais
custos dos programas de restauração de vegetação a instalação de cercas para
evitar a entrada de gado em áreas que estão sendo ou que se pretende recompor,
porque eles destroem as mudas pequenas.
Ao contrário, a formação de pastagens já abrange
mais da metade das áreas de cerrados e para implantá-las uma das técnicas é a
de atear fogo à cobertura nativa, uma prática perigosa, que exige cuidados e
autorizações oficiais e, ainda assim, é inadmissível na estação seca que a
região atravessa. Mas, exatamente por ser mais fácil, queima-se no período seco
e quente para abrir áreas a pastos formados.
Também não é verdade que a ausência dos “bois
bombeiros” pudesse se dever a questões ambientais. Primeiro, a queda no rebanho
foi ínfima – 0,4% no Centro-Oeste, que soma mais de 52 milhões de cabeças. Para
se compreender mais facilmente, significaria haver 99 bois onde havia 100 e, é
claro, ele não fará diferença no volume de massa verde da região, a menos que o
boi faltante seja o próprio “bombeiro”. Segundo, porque ela se deu pelo aumento
do abate provocado pela elevação do preço e das exportações de carne.
Teresa Cristina apenas repetiu bovinamente o que o
“boiadeiro” Ricardo Sales disse ao ser “entrevistado” pelo filho do presidente,
em agosto, dizendo que o criador de gado que o solta para engorda – e não
raramente sobre áreas de preservação – “está sendo perseguido”.
Falta pouco para que esta gente acabe provocando
movimentos internacionais de boicote à carne brasileira.
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