(Foto: Reprodução/Twitter)
"Dizer, agora, que não tem nada com o
escândalo de Chico Rodrigues (DEM-RR) é mais que uma desfaçatez. É, no mínimo,
uma deslealdade. É jogar às feras um amigo fiel a quem indicou pessoalmente
para a vice-liderança do governo na Câmara Alta", diz o jornalista
Gilvandro Filho sobre a relação de Bolsonaro com o senador do dinheiro na cueca
15 de outubro de 2020
Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal
do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo,
onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros
publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?”
...
O governo blindado contra a corrupção alardeado por Jair Bolsonaro é uma
grande farsa. Na terra em que o rebanho bovino está no centro de tudo – do “boi bombeiro” que combate incêndio na
mata, ao gado que venera e obedece seu mito por mais que seja absurdo o
pretexto deste apoio e à boiada de leis ilegais no campo incentivada por
ministro de Estado – achar que o governo e seu entorno são puros e imaculados
quando o assunto é passar a mão na coisa pública é, digamos, conversa para boi
dormir. Chega um fato e desmente.
Fosse mesmo contra a corrupção, o governo não se prestaria a aparelhar –
eita, termo bom para se usar com os outros –
instituições como a Polícia Federal. Ou não usaria a Procuradoria Geral
da União para tentar forçar o STF a jogar para debaixo do tapete processos que
envolvem presidente, parentes e aderentes. Também não sairia ameaçando
jornalistas quando eles, cumprindo seu dever de ofício, perguntam por que o
faz-tudo da família, o ex-assessor Fabrício Queiroz, deu R$ 89 milhões à
primeira-dama, do nada. Nada disso bate com austeridade, vamos lá.
Dizer, agora, que não tem nada com o escândalo do até hoje de tarde vice-líder
do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela Polícia com 30
mil reais sob a cueca e à altura das nádegas, é mais que uma desfaçatez. É, no
mínimo, uma deslealdade. É jogar às feras um amigo fiel a quem indicou
pessoalmente para a vice-liderança do governo na Câmara Alta. Um sujeito “boa
gente” e querido pela família a ponto de topar empregar em seu gabinete
Leonardo Rodrigues de Jesus, um primo-irmão-melhor amigo de Carlos Bolsonaro,
filho do presidente – “Léo Índio” como é popularmente conhecido, exerce um
cargo comissionado SF02, de Assessor Parlamentar, pelo qual recebe um belo
salário líquido de R$ 16.986,56 (R$ 22.943,73 bruto).
O presidente Jair Bolsonaro perde, com o episódio, uma parte importante
do seu discurso, declamado ufanissimamente por alguns dos seus colaboradores
mais abnegados como é o caso do vice Hamilton Mourão que também diz por a mão
no fogo pela honestidade do governo. Fica estranho e politicamente
insustentável fazer cara de paisagem numa hora dessas. Ou será fácil convencer
o distinto público de que outras cuecas tão ricas e recheadas não existem e não
serão descobertas a qualquer hora?
Chico Rodrigues com sua método pouco usual de fazer poupança foi
flagrado pela PF. E deixou nu o discurso moralista no governo Bolsonaro.
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