É por isso que a estatal se nega a fornecer
à defesa do ex-presidente os contratos firmados com autoridades dos Estados
Unidos
31 de outubro de 2020
A Petrobrás, que pagou multas de R$ 27,7 bilhões aos Estados Unidos, no
âmbito da Operação Lava Jato, não tem nenhuma prova contra o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. É por isso que a estatal se nega a fornecer à defesa de
Lula seus contratos com autoridades estadunidenses. No processo, a empresa
chegou até a pedir para ter tratamento análogo ao de uma embaixada.
A confirmação de que não há qualquer prova contra Lula foi feita pelo
jornalista Ascanio Seleme, em O Globo.
“Por que a Petrobras se nega a entregar para a defesa de Lula os documentos dos
três acordos que fez nos Estados Unidos em razão dos escândalos da era petista?
A estatal diz que os dados (mais de 75 milhões de páginas) não tratam de
corrupção, mas de apenas falhas contábeis, e que por isso não interessam à
defesa do ex-presidente. Quem escarafunchou a papelada diz que não é bem assim,
que os documentos enviados ao Departamento de Justiça (DOJ), à SEC, que é a
comissão de valores local, e à Justiça de Nova York têm um capítulo inteiro só
sobre corrupção. E nele, a petroleira não cita Lula nem o PT, acusando apenas
cinco ex-diretores da companhia e dois ex-governadores. As ações foram abertas
nos EUA para indenizar investidores que perderam dinheiro com a queda do valor
de mercado da estatal em razão do escândalo”, escreveu o jornalista.
“No Brasil, a Petrobras participou dos diversos julgamentos da Lava-Jato
como assistente da acusação, e assinou as denúncias em que Lula é acusado de
chefiar uma organização criminosa, de enriquecimento ilícito, de lavagem de
dinheiro y otras cositas más. A incoerência entre o que a Petrobras assinou
aqui e os documentos que enviou à Justiça americana, que beneficiaria Lula, só
se tornará oficial se os dados forem entregues aos advogados do ex-presidente
por ordem judicial. Depois de ter sua petição negada pela primeira instância em
Curitiba e pelo STJ, a defesa aguarda agora manifestação final de Edson Fachin.
O ministro do STF prestaria um bom serviço à Justiça liberando os documentos”,
lembra ainda Ascanio. “Para não virar ré nos EUA, a Petrobras concordou em
pagar US$ 4,8 bilhões (R$ 27,7 bi) em multas. O valor é sete vezes maior do que
as sentenças da Lava-Jato devolveram aos cofres da estatal”, finaliza.
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