Por Fernando
Brito | 25/11/2020
Está criado um
incidente diplomático que pode ter graves consequências para o Brasil.
A Embaixada da
China no Brasil distribuiu nota oficial em que manifesta “forte insatisfação e
veemente repúdio” às afirmações de Eduardo Bolsonaro de que estaria pretendento
praticar espionagem através dos equipamentos de internet 5 G da Huawei, ecoando
as afirmações de Donald Trump, a caminho de tornar-se ex-presidente dos Estados
Unidos:
Como firme
defensora da segurança cibernética internacional, a China lançou a Iniciativa
Global sobre Segurança de Dados a fim de construir um ambiente digital de
abertura, equidade, imparcialidade e não discriminação. O governo chinês
incentiva empresas chinesas a operar com base em ciência, fatos e leis enquanto
se opõe a qualquer tipo de especulação e difamação injustificada contra
empresas chinesas. Os EUA têm um histórico indecente em matéria de segurança de
dados. Certos políticos norte-americanos interferem na construção da rede 5G em
outros países e fabricam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética
chinesa, além de bloquear a Huawei visando alcançar uma hegemonia digital
exclusiva.
Em mensagens
publicadas ontem no Twitter, Eduardo Bolsonaro acusou o Partido Comunista da
China e empresas chinesas de praticarem espionagem cibernética e deu apoio aos
EUA para criar uma aliança internacional que discrimina a tecnologia 5G da
China.
Depois de uma
reunião com o pai, com o Ministro das Comunicações, Fábio Faria e dirigentes da
Agência Nacional de Telecomunicações, o filho do presidente tirou a acusação
direta de espionagem de suas postagens, mas continuou afirmando que o Brasil
apoia as restrições de Trump às empresas chinesas.
Os chineses,
desta vez, foram além de manifestar desagrado e lembraram, explicitamente, a
importância para o Brasil de seu país em nosso comércio exterior:
A China tem
sido o maior parceiro comercial do Brasil há 11 anos consecutivos e é também um
dos países com mais investimentos no Brasil. Entre janeiro e outubro, as
exportações brasileiras para a China foram de US$ 58,459 bilhões, respondendo
por 33,5% do total de exportações do Brasil.(…) Acreditamos que a sociedade
brasileira, em geral, não endossa nem aceita esse tipo de postura. Instamos
essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita
norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade
sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista
os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso
contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a
responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil.
Desta vez,
talvez não baste a “interpretação não é bem isso” do general Hamilton Mourão e
a única frente de expansão de nossa economia sinta os efeitos da desastrosa
‘diplomacia do hambúrguer’.
A embaixada
chinesa, é claro, não reagiria com esta intensidade sem o aval de Pequim.
A chapa está
quente demais e o chapeiro é o filho do dono. não pode ser desautorizado
facilmente.
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