Por Fernando
Brito | 12 de novembro de 2020
O minguar
progressivo do auxílio emergencial, a partir do final de setembro, o
recrudescimento da inflação aos consumidores e a volta ao estilo “quem manda
aqui sou eu” do presidente são, à primeira vista, os fatores centrais da erosão
do oásis de popularidade que Jair Bolsonaro desfrutou a partir de abril/maio
deste ano.
Os números da
reprovação ao ocupante do Planalto são para lá de expressivos: índice de
ruim/péssimo de 50% em São Paulo, 45% no Recife; 42% no Rio de Janeiro.
Nestas capitais
e em quase todas as outras, onde só muito raramente algum de seus candidatos
preferidos irá ao segundo turno, a partir de domingo tudo tende a piorar e
Bolsonaro será, mesmo para os de talhe conservador, um carrapicho do qual
tentarão se livrar.
Note que a
pesquisa não captou ainda as últimas trapalhadas do presidente, como a hipótese
de que o “país de maricas” faça os poderosos EUA sentirem o cheiro “da pólvora”
e o abraço de afogado que o une a Donald Trump.
Um detalhe
triste e constrangedor: a corrosão de Bolsonaro contamina, também, as
instituições militares com as humilhações quase diárias, sucessivas, de seus
generais, levados a pedir desculpas por terem sido apenas razoáveis. Primeiro
Eduardo Pazuello, com a vacina chinesa; hoje o próprio vice Hamilton Mourão,
levado a se penitenciar por um esboço de proposta de expropriações de terras
onde se cometam crimes ambientais graves e, quem sabe, o ministro da Defesa,
Fernando Azevedo e Silva, por ter publicado uma prosaica ordem de vacinação
compulsória das tropas brasileiras.
O estilo
presidencial bravateiro, talvez, deva ser encarado como uma causa do desgaste.
Esvaziado, ele
tem de recuperar o aguerrimento de sua base de fanáticos, à medida em que
diminui o seu apoio por razões econômicas.
Muito cuidado ao
analisar estes movimentos do mundo do dinheiro. Todos se dão sobre a areia
movediça das condições sanitárias do planeta, que de forma alguma permite dizer
que algum tipo de reação sólida na economia.
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