(Foto:
Ederson Casartelli/247 | Reuters)
Partido dos Trabalhadores critica Michel Temer após a revelação
de que ele conspirou com militares para a deposição de Dilma Rousseff. "O
Golpe de 2016 é a chaga nacional aberta que erodiu as instituições do país e
abriu a porta para a eleição do primeiro chefe de Estado sem compromisso com o
Brasil e o futuro do país", diz a legenda
2 de novembro de
2020
Portal do PT - O
ex-vice-presidente Michel Temer, que conspirou pela destituição da presidenta
Dilma Rousseff, finalmente confessou o óbvio: atuou desde o início pela
promoção do impeachment com o Golpe de 2016 logo depois da reeleição de ambos,
em outubro de 2014. É o que relata no livro “A Escolha, como um presidente
conseguiu superar grave crise e apresentar uma agenda para o Brasil”, uma
espécie de memorial e autobiografia, lançado há poucas semanas.
Vaidoso e
tentando vender-se como um personagem de nobres intenções, Temer tenta criar a
ilusão de que o poder lhe caiu nas mãos por obra e graça do acaso. Mas admite
que desde 2015 esteve em contato próximo com militares – incluindo o General
Sérgio Etchegoyen e o então comandante do Exército, General Villas Bôas –
conspirando pela queda da então presidente. O ex-presidente do PMDB, acusado de
corrupção, mas até hoje atuando desimpedido, hoje funciona como um interlocutor
de Jair Bolsonaro, a quem sempre elogia em qualquer oportunidade.
Segundo o ghost
writer de Temer, um gaúcho que posa de filósofo e funciona como um dos próceres
da direita, Dennis Lerrer Rosenfield, os contatos com a caserna foram iniciados
logo depois da reeleição de Dilma e Temer. Rosenfield, que conduziu as
entrevistas que resultaram no livro “A Escolha” – ou “Diário de um Golpista” –
tenta justificar os contatos iniciados pelos militares, porque esses estariam
inconformados com o resultado do relatório da Comissão Nacional da Verdade,
concluído em 2014.
Co-autor do
livro, Rosenfield alega que Dilma estaria pensando em mudar a Lei de Anistia e
ressalta que outros temas do Programa Nacional de Direitos Humanos incomodavam
a caserna. O golpe teria sido iniciado por conta desse temor dos militares de
que o PT poderia vir a querer mudar a forma de acesso de oficiais ao generalato
e à formação dos militares nas academias. “Não foi uma vez. Foram vários
encontros”, confessa Rosenfield.
Os encontros
entre o vice-presidente da República e o comandante do Exército acabaram
resultando em bons postos de trabalho para os militares. O general Villas Bôas
foi mantido no comando e Etchegoyen acabou nomeado ministro do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI) de Temer.
Empregos garantidos
Hoje, Villas
Bôas é assessor especial do General Augusto Heleno, o linha-dura discípulo do General
Sylvio Frota que hoje exerce o cargo de ministro-chefe do Gabinete Militar de
Bolsonaro. O comandante ganhou uma boquinha no Palácio do Planalto e, agora,
confirma-se que sempre foi um dos conspiradores que ajudaram na eleição do
líder da extrema-direita. O próprio Michel Temer é um interlocutor frequente de
Bolsonaro, atuando como um consultor de crise do atual presidente da República
– sempre de maneira muito polida, como convém aos traidores da Pátria.
Temer tenta se
vender no livro como um democrata cujo destino fê-lo presidente da República.
Jura que atuou como um magistrado. Sua função teria sido buscar a conciliação
nacional, diante de um país polarizado. Daí a agenda “Ponte para o Futuro”, o
famigerado programa neoliberal do PMDB que resultou na supressão de direitos
trabalhistas, entrega do patrimônio público –com o sucateamento da Petrobrás e
a venda de outras empresas estatais – e uma política fiscal de arrocho severo,
que gerou a Emenda do Teto de Gastos, congelando os investimentos em saúde e
educação pelos próximos 20 anos.
O resultado da
política econômica de Temer é a amarga realidade que o Brasil experimenta hoje:
a explosão da dívida pública, o desmanche da Petrobrás, o desemprego alcançando
15 milhões de pessoas – um recorde –, a precarização do trabalho, com 50
milhões de brasileiros vivendo na informalidade, e uma sociedade ainda mais
desigual, com 0,1% detendo metade da riqueza nacional. Segundo o Relatório da
Desigualdade Global, da Escola de Economia de Paris, o Brasil é hoje o país
democrático que mais concentra renda no 1% do topo da pirâmide. Temer tem o que
comemorar: o Golpe de 2016 é a chaga nacional aberta que erodiu as instituições
do país e abriu a porta para a eleição do primeiro chefe de Estado sem
compromisso com o Brasil e o futuro do país.
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