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"Derrotado nas eleições, Jair Bolsonaro já começou a
receber a fatura do Centrão", aponta a jornalista Treza Cruvinel. "PP
e Republicanos, principalmente, querem agora um ministério cada um, pois até
aqui só ganharam cargos de segundo escalão", diz ela
20 de novembro
de 2020
Colunista/comentarista
do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O
Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.
...
As eleições
municipais, no meio do mandato presidencial, quase sempre levam a uma reforma
ministerial, para o ajuste fino da participação da base aliada no governo.
Bolsonaro jurou que não faria a “velha política”, mas já está fazendo e mais
terá que fazer. Derrotado nas eleições, ele já começou a receber a fatura do
Centrão: PP e Republicanos, principalmente, querem agora um ministério cada um,
pois até aqui só ganharam cargos de segundo escalão.
Afora essa
pressão partidária, Bolsonaro hoje foi alvo de dois editoriais pesados. Um da
Folha de S. Paulo, pedindo a cabeça do ministro do Meio Ambiente, Ricardo
Salles, e outro de O Globo, cobrando mudanças no Itamaraty (Ernesto Araújo) e
na política externa tão danosa ao país.
Voltando ao
Centrão, outro partido que saiu-se bem foi o PSD de Gilberto Kassab, mas como
reclamam os outros, o partido já foi contemplado com a nomeação de Fabio Faria
para o ministério das Comunicações. As pastas que PP e Republicanos mais
cobiçam são a da Saúde, ocupada pelo general Pazuello, e a de Minas e Energia,
ocupada pelo Almirante Bento Albuquerque.
E ainda a de Infrestrutura, ocupada pelo engenheiro e miliar da reserva
Tarcísio Gomes de Freitas. Note-se que são pastas com orçamentos musculosos. A
saída dos dois ministros militares atenderia também à aspiração do alto comando
das Forças Armadas, por maior distanciamento delas em relação ao governo.
O Democratas
também saiu-se bem na eleição, passando de 272 para 440 prefeituras, mas quem
acompanha as declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, percebe que ele
vem buscando distância de Bolsonaro. Ele anda articulando é uma aliança entre
partidos da direitona tradicional, que gosta de ser chamada centro, para lançar
um candidato tipo Luciano Huck. Então, o DEM não está pedindo nem deve ganhar
ministério.
A presidência da
Câmara também pode entrar neste acerto do Centrão com Bolsonaro. O PP tem o
deputado Arthur Lira como candidato. Se Bolsonaro puder garantir o apoio de
outros aliados para garantir a eleição dele, o PP talvez se dê por satisfeito.
Mas Rodrigo Maia tem outras preferências e enorme capacidade de articulação,
inclusive com a esquerda.
Então veremos,
em breve, Bolsonaro envergando como nunca os trajes da velha política
fisiológica. Ele foi derrotado e sua popularidade vem se dissolvendo porque
governa mal, ou melhor, não governa, abandona a população na pandemia, não
resiste a uma pancadaria verbal e vem fazendo muito mal ao Brasil em várias frentes.
Mas, também, porque parte de seus eleitores de 2018 decepcionaram-se com seu
estelionato eleitoral, ao quebrar a jura e entregar-se ao mais deslavado
fisiologismo, a velha política.
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