(foto: Arquivo Estado de Minas)
Ex-playboy assassinou a namorada com quatro
tiros em 1976, depois de discussão em Búzios. Crime ganhou repercussão nacional
19 de dezembro de 2020
Conhecido por ter assassinado a mineira Ângela Diniz em 1976, com três
tiros no rosto e um na nuca, o empresário e ex-playboy Raul Fernando do Amaral
Street, conhecido como Doca Street, morreu nesta sexta-feira (18/12) aos 86
anos, em São Paulo. A causa da morte foi uma parada cardiorrespiratória. Ele
deixa três filhos, 10 netos e uma bisneta.
O crime passional ganhou repercussão no Brasil, inspirando o crescimento
do movimento feminista. Doca havia abandonado a mulher, Adelita Scarpa, e os
dois filhos para morar com Ângela, socialite nascida em Belo Horizonte em 1944.
Ela era casada com o engenheiro Milton Villas Boas, com quem teve três filhos e
viveu relação conturbada - ambos haviam feito acordo judicial de desquite, pois
o divórcio não era permitido no período.
O relacionamento entre Doca e Ângela foi marcado por ciúmes, brigas e
violência e durou apenas quatro meses. Na época do assassinato, eles haviam se
refugiado na Praia dos Ossos, em Búzios, para escapar dos holofotes da mídia.
O assassinato
Num ambiente de discórdia, Doca e Ângela tiveram uma discussão em 30 de
dezembro de 1976, e o ex-playboy saiu de casa. Quando voltou, matou a namorada
usando uma pistola. Depois dos disparos, ele fugiu, permanecendo semanas
foragido. Mas depois se entregou à Justiça.
No primeiro julgamento, em 1979, em Cabo Frio, ele foi defendido pelo
advogado Evandro Lins e Silva. No processo, a defesa alegou que havia sido
vítima de Ângela Diniz e que agira em legítima defesa, tese que ainda era
aceita com base no Código Penal de 1940, vigente naquela época. Ele foi
condenado a dois anos de prisão inicialmente, mas o a sentença foi anulada por
ele ser réu primário.
Por causa dos protestos de várias mulheres no país, um segundo
julgamento ocorreu em 1981. E desta vez Doca receberia uma pena de 15 anos de
prisão pelo crime, mais seis meses por ter fugido da Justiça. Ele cumpriu
apenas três em regime fechado, dois no semiaberto e 10 em liberdade
condicional. Na época do crime, Doca tinha 42 anos e Ângela, 32.
Protesto
Em 2006, Doca escreveu o livro "Mea Culpa: O depoimento que rompe
30 anos de silêncio", no qual descreve sua versão do caso. Uma das filhas
de Ângela, Cristiana Villas Boas, criticou a publicação na época. O livro
relata o período entre 1976, quando conheceu a namorada, e 1987.
O nome de Doca voltou à tona este ano com o lançamento do podcast Praia
dos Ossos, da Rádio Novelo, que recontou a história de Ângela e do crime em
oito episódios.
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