Por Fernando
Brito | 25 de Fevereiro de 2021
Nem
Aristóteles, que formalizou o conceito de Justiça Natural com a máxima de que
“o fogo arde na Pérsia como na Grécia”, acreditava que, no mundo real, não é
assim e que o famoso “a lei é [igual] para todos” não é puro, cândido e isento.
Não é
diferente aqui, quando o Judiciário tornou-se um rolo compressor contra Lula e
o PT mas, quando chega-se ao escândalo, evidente e vergonhoso, de Flávio
Bolsonaro.
As
‘rachadinhas’ de Fabrício Queiroz para o Filho 01 do presidente, fartamente
documentadas e absolutamente inexplicadas valem nada, mas um apartamento sem um
documento que ligue sua propriedade ao ex-presidente Lula é o suficiente para
condená-lo a mais de uma década de prisão.
No caso de
Flávio, com o requinte chocante de que seu defensor legal é o mesmo que
funcionou como acoitador do Cadê o Queiroz, o sinistro Frederick Wassef.
O
senador-filho, na jurisprudência morista que sacramentou o conceito, é o “não
vem ao caso”.
Mas coloca o
Supremo Tribunal Federal diante de um impasse: como ratificar o sobrestamento
das investigações sobre Flávio sob o argumento de que os ritos legais não foram
rigidamente seguidos e, ao mesmo tempo, validar processos nos quais os
fundamentos da separação entre juiz e acusador foram violados de forma
selvagem, como nos processos de Lula em Curitiba.
O caso Flávio
Bolsonaro, fadado a morrer nos tribunais – ou, quem sabe, hibernar enquanto pai
for presidente – é um triste retrato do que restou da Justiça brasileira desde
que ela se tornou ferramenta da política.
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