(Foto: Abr)
"Chegou a hora da Suprema Corte
penitenciar-se pelo monstro que ajudou a criar, não apenas anulando suas
arbitrariedades mas, também, aplicando-lhe a devida punição, principalmente
pelo crime de lesa-pátria", escreve o jornalista Ribamar Fonseca
13 de fevereiro de 2021
...
Há um velho dito popular segundo o qual “não há mal que sempre dure”.
Isso se encaixa como uma luva no caso da Lava-Jato que, sob a capa de combatente
da corrupção, fez muito mal ao país: além de impedir Lula de concorrer à
Presidência da República e abrir caminho para a eleição de Bolsonaro, a
força-tarefa fragilizou a Petrobrás, proporcionando o seu esquartejamento para
ser vendida em partes; destruiu a indústria pesada da construção civil nacional
e desempregou milhares de trabalhadores. Graças à ação de hackers, que
trouxeram a público as conversas reservadas entre o então juiz Sergio Moro e os
procuradores que integravam a operação, toda a farsa foi descoberta, além das
suas ligações clandestinas com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e a
CIA, que orientaram os seus trabalhos, inclusive para a prisão de Lula. Com a
revelação da trama urdida nos bastidores da Lava-Jato com o objetivo de interferir na política brasileira, para
atender interesses norte-americanos, no que ficou conhecido como vaza-jato, o
mau cheiro da lama podre em que Moro, Dallagnol e cia se movimentavam exalou, exigindo medidas de
higienização ´por parte do Supremo Tribunal Federal.
Depois do período de carnaval, segundo o ministro Gilmar Mendes,
presidente da segunda turma do STF, finalmente deverá ser julgada a suspeição
do ex-juiz Sergio Moro, julgamento que vem sendo procrastinado pelo próprio
Gilmar sob a alegação de que a questão é muito delicada. Se o beneficiário da
ação fosse algum tucano a questão não seria tão delicada e certamente já teria
sido decidida há muito tempo. No entanto, diante da avalanche de crimes
praticados pelo pessoal da força-tarefa revelados pela vaza-jato parece que não
há mais como adiar o julgamento da suspeição
e tudo leva a crer que a sentença contra o ex-presidente Lula será mesmo
anulada. O primeiro sinal da nova posição do STF foi a confirmação, pela
segunda turma da Corte, da decisão do
ministro Ricardo Lewandowski, que autorizou a entrega do material da vaza-jato
para os advogados do líder petista. Já surgiram rumores, porém, de que
ministros ligados à Lava-Jato estariam articulando uma reação contra a
possibilidade de anulação de todas as sentenças de Moro, não apenas as
relacionados a Lula, com receio de que tal decisão possa beneficiar outros
condenados.
Dificil acreditar na articulação de semelhante reação por parte de
ministros, pois isso significaria a completa desmoralização da justiça, porque
se o processo foi contaminado pela parcialidade criminosa do juiz nada mais
justo do que anulá-lo. Na verdade, todos os ministros, não apenas do STF mas,
também, do STJ, sabem das ilegalidades cometidas por Moro e sua turma e, sobretudo,
que Lula é inocente – não há uma única acusação ou qualquer prova de que ele
tenha roubado dez centavos – mas o medo da mídia familiar e dos militares
parece ser maior do que o dever de justiça. O ministro Gilmar Mendes, que já
foi um dos algozes de Lula, recentemente disse que ele “merece um julgamento
digno e justo”, declaração que representou o reconhecimento de que o seu
julgamento foi injusto. Acontece, porém,
que o ex-presidente não merece nenhum julgamento, justo ou injusto, porque
simplesmente não cometeu nenhum crime. Tudo não passou de uma farsa montada
pela Lava-Jato – hoje todos tem consciência disso – para impedi-lo de voltar ao
Palácio do Planalto, do mesmo modo que inventaram “pedaladas fiscais” para
destituir a presidenta Dilma Roussef.
Com a extinção da Lava-Jato, que representou o fim de um período negro
na história do judiciário brasileiro – até o jornal norte-americano The New
York Times reconheceu a farsa e os danos que a força-tarefa causou ao poder
judiciário nacional – as viúvas de Moro e Dallagnol entre militares e
jornalistas, entre eles os irmãos Marinho,
ficaram inconsoláveis, não exatamente porque acreditam que agora a
corrupção vai campear, embora existam mecanismos legais que sempre combateram a
corrupção no país, mas porque temem que
Lula recupere os seus direitos políticos e possa voltar ao Planalto. As viúvas
da Lava-Jato estão divididas em dois grupos: os que se deixaram influenciar
pelas noticias da Globo acumpliciada com a força-tarefa e acreditaram que o líder
petista era realmente corrupto, mesmo com a ausência de qualquer prova; e os
anacrônicos, aqueles que ainda vivem assombrados pelo velho comunismo do
passado, como o general Villas-Boas, que vêem em Lula um comunista perigoso para o pais, embora ele tenha sido
considerado pelo povo, conforme pesquisas, o melhor presidente de toda a
história do Brasil.
Em seu livro, que deverá ser lançado brevemente, o general Villas-Boas,
ex-comandante do Exército, confessou a intenção de impedir a Suprema Corte de libertar
Lula ao divulgar uma nota, no dia do julgamento do habeas corpus em favor do
ex-presidente, fazendo uma ameaça velada
quanto a uma possível intervenção militar. Observa-se, sem muita dificuldade,
que alguém sempre acena com a possibilidade de interrupção constitucional, com
a participação dos militares, todas as
vezes em que a Esquerda ameaça retomar o poder. E como Lula é o principal líder
da Esquerda brasileira, um obstáculo às pretensões norte-americanas de
abocanhar nossas reservas petrolíferas,
os golpistas se assanham sempre que ele cresce no cenário político
nacional, apesar do esforço da mídia corporativa em ignorá-lo. Desta vez,
porém, eles dificilmente conseguirão impedir que a Suprema Corte anule os
processos contra o ex-presidente, pois não há mais como fechar os olhos e
ouvidos para as revelações dos crimes praticados pela operação de Curitiba
onde, segundo o ministro Gilmar Mendes, havia um verdadeiro “esquadrão da
morte”.
O fato é que o ídolo de barro Sergio Moro está desmoronando, junto com
Deltan Dallagnol e os demais procuradores da força-tarefa, porque com as
revelações da vaza-jato os responsáveis pela construção dessa excrescência no
judiciário brasileiro não conseguem mais mantê-la de pé. Fruto da conivência de
toda uma estrutura integrada, entre outros, pela mídia e pelos tribunais
superiores, Moro adquiriu fama e poder mas, como nada é para sempre, chegou o
dia da queda quando a ambição o levou ao Ministério da Justiça de Bolsonaro. Na
verdade, ele só chegou tão alto porque o Supremo fez vista grossa para suas
arbitrariedades iniciadas há mais de quinze anos, com o processo do Banestado
no Paraná. O STF há muito conhecia os seus métodos mas não fez absolutamente nada
para contê-lo, tornando-se, de certo modo, também responsável por suas
ilegalidades, junto com a mídia corporativa, que o projetou nacional e
internacionalmente. Chegou a hora, porém, da Suprema Corte penitenciar-se pelo
monstro que ajudou a criar, não apenas anulando suas arbitrariedades mas,
também, aplicando-lhe a devida punição, principalmente pelo crime de
lesa-pátria. Só assim se saberá que é verdadeiro aquele axioma segundo o qual
“a Justiça tarda mas não falha”.
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